31 de dezembro de 2010

FACTOS: O PORTUGAL ECONÓMICO DE 1990 E O DE HOJE. PERSPECTIVAS PARA O PORTUGAL DE AMANHÃ

Pretendemos neste post informar e colocar à vossa consideração a análise da tendência que os vários sectores produtivos têm tido desde 1990 até aos dias de hoje. Pelas tendências que verificarão, haverá sectores de actividade que tenderão a florescer no futuro e outros que correm o risco de se extinguirem, se é que não se extinguiram já.

Dados estatísticos

Remetemos abaixo dois gráficos que demonstram a percentagem de população no activo por sector de actividade económica:

Baseado em dados de: Pordata


Baseado em dados de: Pordata

Da comparação efectuada, verificamos que em 1990 o sector primário e secundário ocupavam aproximadamente 43% da população activa, sendo os restantes 57% dedicados essencialmente à prestação de serviços e construção civil.
Em 2007, os sectores primário e secundário ocupam apenas 21% da população activa, representando uma redução de 23% num período de 17 anos. Do lado dos serviços, é assinalável o crescimento do sector “Actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas”, que cresceu 14 pontos percentuais.

Sectores mais relevantes e de maior oscilação:
- Redução do sector indústrias transformadoras: de 41% para 21%;
- Aumento do sector construção civil: de 8% para 13%;
- Aumento do sector das actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados a empresas: de 3% para 17%.   

Em termos globais, verificamos que a tendência da distribuição da população activa em Portugal tem-se deslocado dos sectores produtivos de bens para os sectores de prestação generalizada de serviços.
À taxa com que a indústria transformadora tem vindo a reduzir-se e, se esta se mantiver no futuro, podemos afirmar que estaremos a assistir à eliminação do sector industrial em Portugal, dentro de uma década e meia aproximadamente. Sendo a indústria um sector importante na balança económica das exportações, na balança de pagamentos e na diminuição de importações de bens manufacturados, este sector representa um papel muito importante no valor do Produto Interno Bruto que Portugal gera todos os anos.
Esta redução ao longo de 17 anos significa que todos os anos, todos os meses, houve encerramentos de indústrias, sem que o surgimento de novas assimilasse a população em igual número. No entanto, não devemos descurar também que a modernização da indústria terá tido como consequência uma redução de postos de trabalho, influenciando também este indicador.

Equipa editorial "caseira"

26 de dezembro de 2010

FACTOS: PORTUGAL E A PRÓXIMA DÉCADA (2011-2020)


Pretendemos neste post informar e colocar à vossa consideração o que tem sido o crescimento da economia portuguesa desde o início do século XX, e de que forma poderemos prever qual será o comportamento na década que aí vem. É composto por 2 gráficos que indicam a evolução do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do PIB per capita.

Dados estatísticos e Projecção
Remetemos abaixo para o primeiro gráfico que indica a evolução do PIB ao longo dos últimos 90 anos. Os valores indicados representam o crescimento médio em percentagem, ano após ano. Por exemplo, na década de 60, o PIB cresceu em média 6,08% num determinado ano face ao ano anterior, ao longo de toda a década. Quer dizer que nuns anos terá crescido mais do que 6%, noutros menos, mas em média cresceu 6,08% ao ano.
O valor apurado para a década de 2011-2020 (última barra do gráfico) é calculado em função de critérios estatísticos explicados abaixo, constituindo apenas uma projecção:

Gráfico:
Baseado em dados da University of Groningen 

Verifica-se que o crescimento do PIB foi inexistente nos primeiros 20 anos do século XX. A partir daí houve uma aceleração do crescimento do PIB até final dos anos 60, ocorrendo uma desaceleração a partir daí, que culmina num crescimento médio de 0,6% ao ano na presente década.


Para se prever o crescimento para a década 2011-2020 (a última barra no gráfico), usámos a média da percentagem da desaceleração das últimas quatro décadas, o que representa uma diminuição média de 1,29% do PIB por década, desde 1970. Utilizando este critério, avançamos com a projecção de que a economia terá um crescimento negativo ao ano de 0,39% nos próximos 10 anos.
Apresentamos de seguida o segundo gráfico que indica o crescimento médio do PIB, mas per capita desde a década de 60. Neste gráfico também apresentamos uma projecção para a próxima década:
                                                                                                                                                 Baseado em dados da Pordata

A metodologia aplicada para efectuar projecção de 2011-2020 foi semelhante à do gráfico anterior.
Em análise, verificamos que o PIB per capita apresenta um valor médio sensivelmente mais baixo do que o valor do PIB ao longo das últimas 5 décadas. Mais importante, a redução do PIB per capita entre a década de 90 e 2000 é mais acentuada do que a redução do valor do PIB no mesmo período, ou seja:
O PIB per capita decresceu de 2,76% na década de 90 para 0,16% na década de 2000, representando uma variação negativa de 2,6%.
Já o PIB decresceu de 2,79% para 0,6%, resultando numa variação negativa de 2,19%.



Desta forma, a projecção que damos para a década 2011-2020 para o PIB per capita é mais baixa (-1,22%) do que a projecção para o PIB (-0,77%).


Em síntese esta projecção indica-nos que a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos em Portugal durante a próxima década diminuirão ano após ano.

Equipa editorial "caseira"

21 de dezembro de 2010

EDITORIAL

“Crescer a grandeza que se não pode sustentar é enfraquecer.” 
Padre António Vieira (1608-1697), Sermões


O aforismo de Vieira resume, de forma simples e sábia, o que este blogue procurará mostrar aos que, como nós, partilham a tormenta de ver à nossa volta crescer a grandeza sustentada unicamente na ignorância do caminho a seguir. Acreditamos que cada indivíduo é o agente na regeneração do país, sobretudo pela capacidade de intervenção no plano das suas finanças pessoais. Deste modo, introduz pela sua atitude e acrescenta pela gestão das suas contas caseiras uma mudança necessária a Portugal.

Para que cada um possa ser um gestor avisado do seu quinhão e um cidadão elucidado acerca do país, o “Contas Caseiras” agrega informação financeira e económica disponível na Internet e facilita a sua leitura, apresentando gráficos, dados estatísticos e esclarecimentos essencialmente numéricos. Serão, assim, propostas e sugestões de reflexão acessíveis a quem procura soluções úteis para o seu dia-a-dia, mas ambiciona também melhorar a sua literacia financeira. Todas as fontes consultadas estão abertas a qualquer utilizador da Internet que queira, como nós, debruçar-se sobre esta informação


“Foram muito menos os danos em que caíram os homens por lhes faltar a notícia do passado que aqueles que cegamente se precipitaram pela ignorância do futuro.”
Padre António Vieira (1608-1697), História do Futuro

Este segundo pensamento de Padre António Vieira suscita a reflexão que queremos abrir no “Contas Caseiras”. Não sendo um blogue ideológico ou opinativo, apelamos aos que estiverem connosco que tragam novos factos que ajudem a evitar a precipitação sobre o futuro, ainda que sobre ele sejamos sempre ignorantes.
Contradizendo Vieira, as notícias do passado serão bem-vindas e todos os contributos dados por cidadãos interessados serão fundamentais para enriquecer a clarificação e a compreensão que todos procuramos avidamente. A participação com a apresentação de números e factos que nos levem a reflectir é o objectivo estruturante do blogue, não havendo, contudo, espaço para juízos de valor ou subjectividades.


Por isto, junte-se ao “Contas Caseiras” e assuma que é necessário tomar decisões financeiras com autonomia e consciência, com base em informações factuais. Comecemos, então, por agir sobre a realidade que controlamos e de que somos, aí sim, soberanos, a nossa tesouraria pessoal, as nossas contas caseiras.

Equipa editorial "caseira"