7 de novembro de 2011

BCE - Banco "mãos largas", mas com "bolsos vazios" (Parte2)

Caros leitores e leitoras, as nossas suspeitas sobre a conduta do Sr. Mario Draghi na liderança do BCE confirmaram-se, e logo na primeira semana. Suspeitaramos aqui e aqui que um homem de origem italiana teria dificuldades em afirmar-se como um independente e lutar pela credibilidade da instituição a que agora preside. Sabemos agora que na semana que passou o BCE comprou quase todos os dias obrigações italianas para que o preço destas não colapsasse, e de que valeu? Nada, à excepção de enterrar ainda mais a credibilidade do BCE.

Hoje, as obrigações a 10 anos já ultrapassaram os 6,6%, e só não subiram mais porque o BCE andou a comprar durante o dia. Actualmente, o BCE detém mais de 100 mil milhões de euros de obrigações italianas, uma barbaridade. Isto significa que imprimiu a mesma quantia em euros a partir do nada, e se um dia as quiser vender terá que o fazer por um preço mais baixo, já que estas perdem valor todos os dias no mercado.
Bastará o preço descer 10% (não deve faltar muito) para que o BCE tenha que registar perdas na ordem dos 10 mil milhões de euros só nas obrigações italianas. A este valor teremos que acrescentar as perdas das obrigações gregas, irlandesas, portuguesas e espanholas que o BCE também andou a comprar. Tudo somado já ultrapassará o capital próprio + reservas do BCE, que rondará os 6 mil milhões de euros, tornando a instituição insolvente. Apesar do BCE ter poder ilimitado para imprimir euros, a sua credibilidade reside na forma como gere as suas contas, e nessa área tudo tem feito para se afundar na tentativa de "salvar" uns quantos países da "ira" dos investidores. Não se salva país nenhum e destrói-se a moeda euro.

Bem nos parecia que colocar um italiano a gerir o BCE poderia criar... conflitos de interesse! Do português nem vale a pena comentar. Agora é tarde de mais.

Tiago Mestre

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