28 de novembro de 2011

FMI prepara uma mega-ajuda à Itália (Parte 3)

Caros leitores e leitoras, a euforia que se viveu hoje nos mercados europeus de acções só pode reflectir a esperança dos investidores na impressora americana (Reserva Federal)

É que a impressora europeia não tem funcionado a todo o vapor (BCE) devido à resistência da Alemanha, e portanto toda esta loucura só pode vir do outro lado do atlântico. O rumor já desmentido que o FMI se preparava para salvar a Itália foi o isco, e os investidores, desesperados por agarrar qualquer boa notícia, confiaram que "algo" se estava a passar nos bastidores americanos. E algo está realmente a passar-se, não sabemos é o quê.

É incrível que um país com os problemas financeiros como os EUA, que desde há 3 anos imprime dinheiro para socializar os prejuízos de instituições financeiras privadas sem chegar a nenhum crescimento económico, embarque agora nesta aventura de tentar salvar também a Europa. É difícil de acreditar que o eleitorado e o congresso norte-americano autorizem uma expedição com esta envergadura. A ideia de que se podem imprimir tantos dólares quantos sejam precisos revela a insanidade mental a que esta gente chegou, e quem mais irá ganhar com tudo isto serão outra vez as instituições bancárias mundiais com os empréstimos "vantajosos" que concederão aos países em apuros.
Lamentamos profundamente que sejam agora os contribuintes americanos, já de si profundamente castigados com todo o moral hazard dos seus governos, a terem que assumir parte da factura europeia. Oxalá se levantem e repudiem nas urnas em 2012 uma decisão ignominiosa como esta.

O cenário está montado para uma mega operação de impressão de dinheiro. Apesar de aqui no Contas sermos ideologicamente contra este tipo de operações financeiras, parece que a nossa voz, e a dos alemães que ainda resistem, não passe do típico "pregar no deserto".

Uma operação desta dimensão irá comprar muitos meses ou até anos à Europa, e em vez desta fazer hoje o que deveria ser feito: declarar bancarrota das dívidas insustentáveis e começar de novo, vai manter o seu status quo, e as dívidas públicas da maioria dos seus países facilmente superarão os 100% do PIB.

Triste destino o nosso, que nem nas nossas próprias mãos conseguimos decidir o destino das nossas vidas.

Quem ainda não tomou consciência da situação, é bom que não se atrase muito mais, porque se nada fizer para se preparar, assistirá impávido(a) a uma contínua redução dos salários, inflação no preço dos produtos e bens de primeira necessidade, redução do poder de compra, aumento do desemprego, dos impostos e mais miséria a perpetuar-se pelas ruas das cidades portuguesas.

Quanto mais impressão de dinheiro ocorrer, pior para os consumidores e melhor para os produtores. Ainda vão a tempo de plantar uns pés de morangos na vossa varanda.

Hoje, o dilema dos políticos é este:
Ou declaram hoje bancarrota, com consequências devastadoras no imediato, mas que permitirá começar de novo e ajudar a reconstruir as nações no médio prazo;
Ou não declaram bancarrota nenhuma e adiam as decisões difíceis para o futuro, não assumindo consequências nenhumas no imediato, salvando a face e o emprego, e depositando no futuro todas as esperanças de que as coisas se resolvam, sabendo que quanto mais adiam, mais a dívida cresce e piores as consequências quando tudo se desmoronar.

Não é difícil de adivinhar qual o caminho que os políticos tomarão. É por isso que a história dos povos está sempre a repetir-se. É que fazer asneiras para tentar resolver outras asneiras leva a conflitos, a guerras, à miséria e a todo o tipo de provações que a raça humana já tantas vezes saboreou.

Tiago Mestre

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