6 de dezembro de 2011

Europa - aproximação em câmara lenta para a tirania

Caros leitores e leitoras, já todos sabemos que em Itália saltámos uma etapa democrática e depôs-se um líder eleito por outro não-eleito. Na Grécia a história é semelhante. Na nova "ordem" europeia, o directório Merkozy quer impor novas regras à Europa alterando para tal os tratados, e como? Alterando o Tratado de Lisboa sem sequer consultar as populações. Acreditamos mesmo que conseguirão arranjar um "alçapão" no Tratado de Lisboa para que as alterações passem ao lado das assembleias nacionais. Enfim, é uma jorrada de asneiras umas atrás das outras na tentativa de "estabilizar" a União Europeia e "protegê-la" da especulação dos mercados financeiros.

Sem a classe política se aperceber, quanto mais esta quer controlar tudo, escondendo informação do público, retirando a legitimidade democrática do povo e difamar todos aqueles que se protegem contra as asneiras da Europa, na tentativa de reduzir a volatilidade e favorecer a estabilidade, acabam por obter o resultado exactamente oposto.

Para mal dos nossos políticos e de todos nós, suprimir a volatilidade através da planificação central não favorece a estabilidade, apenas contribui para uma ainda maior desconfiança dos mercados e a respectiva especulação que daí decorre.

Para quem estuda os movimentos dos mercados financeiros, é hoje notória a movimentação dos investidores em função do que esperam que os políticos digam, do que efectivamente dizem, fazem ou não fazem. Hoje, a planificação central é um factor que influencia mais as descidas e subidas dos mercados financeiros do que a a saúde da própria economia. Isto é o que designamos de especulação privada por via da manipulação política.


Mal vai o capitalismo quando o sector privado está em grande parte "pendurado" ou até refém das acções dos actores políticos.


Se ainda não repararam, os mercados estão todos à espera que a Europa decida se deve imprimir ou não mais euros. Se a impressora trabalhar, significa que as instituições bancárias estão salvas por agora, e então toca a comprar acções. Se não imprimir, nenhum banco grande europeu se salva e ninguém quererá ficar com produtos financeiros que daqui a poucos dias poderá não valer 1 cêntimo. É esta derrocada nos produtos financeiros que os políticos querem evitar a todo o custo. Abdicam se necessário da soberania, da democracia e da liberdade dos povos para evitar uma correcção que o capitalismo e os mercados exigem à Europa pelos erros monstruosos que cometeu e que colocou as dívidas soberanas todas elas num caminho totalmente insustentável.

Quanto mais se suprime a volatilidade e o livre movimento de informação, bens, dinheiro e pessoas, menor estabilidade teremos no longo prazo.
Conseguem-se acalmar os ânimos durante uns tempos, mas a revolta silenciosa cresce, sem se ver, e quando explode é tarde demais já que nenhum regime se prepara para algo que desconhece e que sempre tentou silenciar. Um exemplo recente é a revolta árabe, com particular incidência no Egipto e na Líbia, onde regimes silenciaram durante décadas a livre expressão e a liberdade de decisão pelo povo de quem quer ver no poder. Um exemplo português foi o regime do Estado Novo em Portugal que governou em regime de ditadura entre 1928 e 1974.

A tirania não funciona porque é previsível e não dá espaço à sociedade para ir descarregando com pequenas explosões, obrigando à contenção dos espíritos mais vivos até ao absurdo. Quando estes não aguentam mais, explode tudo de uma vez só, estilhaçando tudo à sua volta.
Este será o preço a pagar caso a elite europeia continue a achar que maior integração europeia e menor soberania é a "solução" para os nossos problemas.

Tiago Mestre

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