2 de dezembro de 2011

FMI - O novo "intermediário" das asneiras da Europa

Caros leitores e leitoras, na senda da impressão planetária de dinheiro parece que os líderes europeus encontraram um novo "parceiro" para a ilegalidade que estão prestes a cometer: o FMI.

Tanto quanto pudemos apurar na imprensa de hoje, alguém se lembrou que o BCE podia emprestar dinheiro ao Fundo Monetário Internacional para que este empreste a países europeus com problemas de dívida. Com a introdução deste "intermediário", o BCE deixa de se preocupar com o artigo 123º do Tratado de Lisboa. Todo o "trabalho sujo" fica para o FMI.

Este tipo de "parceiros no crime" não é coisa nova. Nos Estados Unidos temos a Reserva Federal e o Departamento do Tesouro a dançarem o tango há muitos anos.
Na Europa tal parceria não é ainda possível porque a Alemanha como potência dominadora não aceita este nível de promiscuidade. E como tal, foi necessário encontrar outra solução que ultrapassasse o Tratado de Lisboa e a própria Alemanha, daí a negociata com o FMI.

A imoralidade em todo este processo é cada vez mais evidente. A razão pelo qual o Tratado proíbe a emissão de moeda para salvar dívidas de países tem a ver, por um lado, com a tentativa de disciplinar os políticos nos seus orçamentos, e por outro evitar as consequências nefastas que ocorrem na economia quando se imprime moeda para liquidar dívidas.

Todos sabemos que os políticos não cumpriram o primeiro objectivo (orçamentos equilibrados), e resta saber quanto mais tempo irão demorar até não cumprir o segundo objectivo (não imprimir moeda). Não fosse a "teimosia" da Alemanha e o segundo objectivo há muitos meses que já estaria também no caixote do lixo. E para apimentar todo este processo, são praticamente os mesmos políticos que aprovaram o Tratado de Lisboa e que falharam o primeiro e o segundo objectivos.

É ridículo ver todo este teatro em volta do BCE percebendo que os prevaricadores e os que se tentam salvar são exactamente os mesmos indivíduos. Políticas erradas acumulam com novas políticas erradas. Não havendo capacidade de executar reformas que corrijam erros do passado perpetuamos o ciclo de asneiras até eclodir uma nova guerra que limpe todo o sistema. Agora já vamos percebendo porque é que as grandes guerras ocorrem entre países de tempos a tempos.

Este tipo de esquemas não resultam porque os problemas não irão desaparecer por magia, estas pseudo-soluções apenas compram algum tempo, e no entretanto as dívidas de todos os países vão-se agravando a cada minuto que passa.

E para confirmar que tudo isto não passa de um gigante tigre de papel, segundo uma notícia da edição online do Jornal de Negócios, hoje de madrugada os grandes bancos europeus viram o seu financiamento travado, refugiando-se nos empréstimos do BCE.
Talvez tenha sido esta nova seca de liquidez no mercado interbancário nocturno que exigiu aos "plantadores" de notícias elaborarem mais uma notícia fábula em que o FMI é a salvação da Europa com o alto patrocínio do BCE. Se repararem no ridículo da situação, ainda na quarta-feira (há 2 dias) foi anunciado um mega pacote de ajuda aos bancos europeus pelos grandes bancos centrais mundiais. Esta notícia apenas teve um efeito analgésico de 1 dia. De ontem para hoje os credores voltaram a entrar no modo pânico.

Numa semana assistimos a 2 "plantações" de notícias e 1 notícia real pelo meio com intervalos de 2 dias. No Domingo o diário italiano La Stampa dava o mote: o FMI será o salvador da Europa, sem revelar as suas fontes e sem revelar como é que os EUA aprovariam tal operação!!; na quarta-feira os grandes bancos centrais mundiais juntam-se para facilitar a concessão de empréstimos em dólares a instituições sedentas dessa moeda; e hoje temos a 2ª "plantação" com o BCE a contornar o flanco do Tratado de Lisboa, usando o FMI para dançar o tango.

Adjectivos para quê?

Tiago Mestre

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