10 de dezembro de 2011

Mais uma cimeira das cimeiras (aliás, conselho europeu)

Caros leitores e leitoras, sobre as conclusões da cimeira excusamo-nos a referi-las porque a imprensa já foi suficientemente persistente em ecoar os soundbytes que os políticos nos querem transmitir.

Sobre as não conclusões:

Eurobonds ?? não se ouviu falar delas

Reforço do fundo EFSF para ter 4 a 5 vezes mais potência financeira ?? Nada

Mega-financiamento do FMI aos países com problemas de dívida soberana? Nada

BCE entrar em força na compra directa da dívida soberana dos países europeus? Nada

Se estiveram atentos aos mercados financeiros, as coisas só não descambaram mais nas últimas semanas porque os rumores sucessivos na imprensa e as declarações ambíguas dos governantes europeus e americanos foram sempre levitando o optimismo dos investidores, e portanto podemos afirmar que a classe politica mais uma vez teve sucesso na manipulação dos mercados financeiros. Talvez por acharem que têm jeito "prá coisa" ainda querem ter mais poder de manipulação, mais planeamento central, mais BCE a intervir nos mercados.

Os rumores e as falsas notícias estiveram sempre relacionados com estes supostos financiamentos que vinham aí a caminho para salvar a Europa e os países mais aflitos. Ou seja, consegue-se manipular mercados a nível mundial com uma facilidade inacreditável, recorrendo à mentira e à plantação de notícias.
A prova de que todos estes esquemas foram invenções de "alguém" foi a total ausência destes assuntos em cima da mesa das negociações neste conselho europeu de 8 e 9 de Dezembro.

Pode ser difícil de acreditar, mas começamos a achar que tudo isto é mesmo verdade, por mais bizarro que possa parecer. Urge salvar o euro, custe o que custar, manipule-se o que se manipular, porque amanhã ele tem que continuar a servir de moeda ao povo europeu.

Mas os investidores dos mercados da dívida soberana não ficaram satisfeitos com as paupérrimas conclusões da cimeira. Sentiram-se enganados porque mantiveram-se levitados durante as últimas semanas na esperança que da cimeira saísse alguma salvação para os seus investimentos. Não admira que a taxa de juro das obrigações italianas no mercado secundário tenha fechado ontem nos 6,5%, quando dois dias antes estava pelos 5,9%, tal era a "esperança" que a Europa os salvasse.
Os mercados de obrigações chegaram assim ao ridículo de estarem à espera do que aparece nas notícias para decidirem se vendem ou se compram. Que pobreza franciscana.

Tiago Mestre

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