11 de janeiro de 2012

Petróleo teima em não descer... e o Irão teima em não vacilar...

Caros leitores e leitoras, assistimos nas últimas semanas a um reforço do preço do petróleo, tanto no mercado americano (West Texas Intermediate) como na Europa (Brent). Não nos espanta esta manutenção durante tanto tempo de um preço tão elevado. Já em Junho como em Outubro e Novembro abordámos esta questão, sendo que em Novembro já se suspeitava algo sobre o Irão e o seu programa nuclear.

Fonte: Livecharts.co.uk

Pelo gráfico acima percebe-se que o preço do petróleo manteve-se acima dos 100 dólares durante um ano inteiro, fenómeno nunca antes registado na história deste bem tão essencial para a nossa economia.

Entre Fevereiro e Julho de 2011 não foi difícil perceber a escalada do preço: conflitos no Médio Oriente e no Norte de África.
Mas desde Agosto que assistimos a um enorme frenesim nos mercados financeiros e um avolumar do stresse nas economias ocidentais. Em condições "normais" o preço já deveria ter descido bastante, mas tal não aconteceu.

Assistimos hoje a uma escalada da tensão entre Irão e países ocidentais que nos parece totalmente desproporcionada. A sensação que fica é que o Irão não possui nem de perto nem de longe tudo aquilo que decreta para a comunicação social do ocidente. A juntar à festa temos os generais americanos, sempre à procura de motivos para justificar o ordenado, a Agência Internacional de Energia Atómica e as novas pseudo-sanções que a União europeia quer impor.

Não compreendendo nós a cultura islâmica por falta de estudo nosso, podemos perceber pelo menos que há dezenas de anos que toda aquela região tem sido palco de guerras e conflitos patrocinados por países ocidentais ou parecidos, que não querem a guerra dentro das suas fronteiras - é preferível lutar pela sua ideologia e interesses na terra dos outros. O Irão tem petróleo e pouco mais. A população é pobre, à excepção de algumas bolsas dentro dos centros urbanos. Inclusivamente necessitam de importar gasóleo e gasolina porque nem possuem as infraestruturas suficientes para refinar o seu próprio petróleo. Ou seja, é um país totalmente dependente das relações com parceiros externos, e como potência de país, pouca força possui.
Contudo, em certas alturas, sobretudo quando se sentem provocados por "ameaças" externas, querem mostrar um ar da sua graça e dizer ao planeta que também são importantes no contexto geo-político global, e a bomba atómica é uma óptima estratégia de marketing para captar atenção mediática

O Irão é ameaçado pelos seus próprios vizinhos, como o Iraque (colonizado pelos EUA), o Paquistão e Israel (colonizados pelos EUA e ambos com bomba atómica), Afeganistão (outra colónia recente dos EUA) e os EUA propriamente ditos, com todo o seu arsenal militar a rondar as águas das praias iranianas.

Quer dizer, é difícil não se sentir provocado com toda esta presença imperialista americana à sua volta.

O que nos parece é que o Irão sente-se cada vez mais provocado e por isso acelera o programa nuclear; os EUA não se conformam com o avanço iraniano e mais pressão colocam à sua volta, e assim a escalada sobe, sobe, e sobe.

Algum dia saltará a tampa ao Irão, como aconteceu em Dezembro de 1941 com o ataque a Pearl Harbor, Havai, pelo Japão, na sequência das várias ameaças e provocações que os EUA iam fazendo ao Japão naquele imenso território asiático e do Oceano Pacífico.

Não deixa de ser irónico que Portugal tenha sofrido enormes pressões pelos EUA na década de 60 para acabarmos com o nosso "império" ultramarino, conquistado muito séculos antes, para em menos de 40 anos os EUA tornarem-se o país que mais nações "conquistou economicamente" pela força da guerra. Assim se vê quem é verdadeiramente imperialista. Sabemos que os EUA invadem países para salvaguardarem os seus interesses, nomeadamente o acesso a petróleo, mas caramba, Portugal também tinha interesses nas suas possessões ultramarinas.

A história acaba por revelar as verdadeiras intenções dos povos e das nações, e se forem ver a história recente de Portugal, muitos dos políticos da nossa liberdade do 25 de Abril apoiaram-se nos EUA e noutros países "anti-impérios" para forçarem o regime ditatorial do Estado Novo a abdicar do império secular português.  Hummm.....

Tiago Mestre

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