16 de janeiro de 2012

Túnel do Marão está sem luz ao fundo

Caros leitores e leitoras, a suspensão das obras do Marão é um caso evidente de como o pedido de dinheiro emprestado para financiar obras e outros empreendimentos corre riscos que nem sempre são medidos.

O financiamento do Túnel do Marão começou por ser realizado por várias entidades bancárias, que foram emprestando dinheiro aos consórcios privados para o irem construindo. A certa altura os credores entraram numa espiral de desconfiança e cortaram radicalmente as fontes de financiamento.

Não havendo riqueza interna no país e nas construtoras para que as obras avançassem mesmo sem financiamento, a suspensão das obras foi o único cenário em cima da mesa. Desde há 7 meses que as obras estão paradas, os trabalhadores foram mandados embora e as máquinas regressaram aos estaleiros.

Este paragem das obras do Túnel é uma consequência dos muitos disparates que se cometeram durante anos a pedir dinheiro emprestado ao exterior sem disciplina e sem se fazerem contas de sustentabilidade. Algum dia os credores teriam que dizer: Basta.

Agora resta saber se a obra fica por ali ou se se aguarda que alguém se chegue à frente para enterrar o dinheiro.

Já sabemos hoje que as SCUT recentemente portajadas perderam tráfego na ordem dos 30% a 45%. Os investidores internacionais também já estão na posse desta informação.

Com a auto-estrada Amarante-Bragança, onde se inclui o Túnel do Marão, a realidade não será diferente. Atrevemo-nos a dizer que a quebra de tráfego poderá ser superior devido à fraca economia daquelas regiões. O PIB per capita no interior transmontano é muito baixo e na zona do Alto Douro é dos mais baixos de toda a zona Euro. Não se podem esperar milagres numa zona já anteriormente apelidada por economistas de renome como "economicamente deprimida".

É caso para dizer que não se vê luz ao fundo do túnel.

Tiago Mestre

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