4 de março de 2012

EUA - exemplo fiscal para ninguém

Já não é segredo para ninguém de que a saúde fiscal dos EUA apresenta problemas graves de sustentabilidade.

Com as últimas informações que temos, as contas públicas dos EUA estão totalmente insolventes, e só não colapsa a sua liquidez porque há muita gente (parolos) a comprar dívida americana todo o santo dia.

De acordo com o site ZeroHedge, blog que se dá ao trabalho de fazer contas e de apresentar previsões, fomos hoje informados de que para o ano fiscal de 2012 o estado americano vai pedir mais dinheiro emprestado do que aquele que recebe por via dos impostos. É verdade. Esta deterioração fiscal só se assemelha com o Japão. Para terem uma noção de escala, Portugal costuma ter 65 mil milhões de euros em receitas fiscais e endivida-se entre 10 a 15 mil milhões ao ano.

Os Estados Unidos como país com o maior PIB do mundo (15 triliões dólares) está atualmente numa posição vergonhosa de indisciplina orçamental. Pode dar-se ao luxo comprar um dia de cada vez porque (irracionalmente) existem ainda milhares de investidores a comprar as obrigações do tesouro que são emitidas pelo Tesouro norte-americano. O dólar está a ser destruído diariamente porque ninguém quer prometer austeridade aos americanos. Barack Obama tem sido o evangelista de toda esta farsa política, e prevê-se que em ano de eleições, como será 2012, as despesas baterão novos recordes. Alguns dados:

EUA
PIB: 15 triliões dólares
Dívida: 15,4 triliões
Rácio da dívida face ao PIB: ligeiramente acima de 100% do PIB
Défice anual: 1,3 triliões de dólares

Endividamento de 1 Janeiro 2012 até agora: 710 biliões
Receitas de 1 Janeiro 2012 até agora: 607 biliões

Nesta condição a Grécia está bem melhor do que os EUA. Mas tudo depende da escala e do (ainda) poder dos impérios decadentes do ocidente.

Quando vêm economistas americanos laureados e outros dizer o que se deve fazer na Europa e em Portugal para resolverem os seus problemas, simplesmente não lhes liguem. tratem primeiro de arrumar a sua casa, só depois têm credibilidade para falar da casa dos outros.

Tiago Mestre

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