9 de abril de 2012

Com uma economia a encolher, toca de imprimir para compensar a diferença !

Há gráficos que valem por mil palavras:

Cortesia de uma publicação da Tedbits

Toda esta impressão generalizada não deve agradar a nenhum banqueiro central, acreditamos nós, mas então porque é que a linha sobe de forma exponencial? Basicamente porque os governadores dos bancos centrais renunciaram aos seus princípios morais e económicos, tornando-se "fantoches" dos desejos e exigências das lideranças políticas, sem capacidade de dizer: NÃO!

Os bancos centrais tornaram-se o substituto do (ausente) crescimento económico no financiamento das crescentes despesas do Estado.

Já todos sabemos que imprimir significa inflacionar preços, mas esse é um "mal menor" quando a classe política se depara com uma incapacidade crónica de recolher dinheiro para pagar as suas despesas.

Esta é a consequência natural de um esquema de Estado em que despesas fixas tendencialmente crescentes são financiadas com receitas que dependem do desempenho da economia. Com declínio económico, o sistema colapsa, mesmo que o governo tente à pressa reduzir despesa. A velocidade dessa redução será quase sempre inferior à destruição de riqueza.

Tiago Mestre

4 comentários:

Filipe Silva disse...

O actual governador do BCE, trabalhou antes no Goldman Sachs, por isso aos meus olhos não é a pessoa certa no BCE, porque será sempre pró Banqueiros e irá fazer o que for necessário para os salvar, não estando muito preocupado com a Economia Real.
Na ultima conferência de imprensa do BCE, disse que o modelo de Estado Social europeu estava "morto".

O QE e o LTRO são nomes pomposos para Inflação, o BCE tem como missão única assegurar estabilidade de preços inferior a 2%, há muito que abandonou o seu desígnio, estas atitudes na minha opinião põem em causa o Euro.

Serão fantoches? bem Trichet apesar de muitas asneiras, manteve-se inflexível na impressão.

Nos USA é diferente, dado que o main stream económico por lá, é apologista de mais gastos dos Estado e impressão de moeda e até de monetização da divida( o FED em 2011 comprou 61% de toda a divida americana), sendo o seu expoente máximo o Krugman.

Ouvimos hoje muito a seguinte frase "não existem estadistas, a classe dirigente hoje é muito mais fraca da que fez a Europa", acho fantástico, os que construíram o Estado Social Europeu, deixaram ás gerações futuras um Sistema pesado, burocrático e não competitivo, ao mesmo tempo que iniciaram a Globalização nos moldes que a temos hoje, foram à vida deles e deixaram o "menino" nas mãos dos actuais.

Mas a principal razão é a que já foquei, os neo clássicos terem a predominancia a nivel mundial, quer na opinião publica quer nas universidades.
Eu sou licenciado em Economia, e sem saber saí da faculdade como neo clássico, por exemplo a Escola Austríaca nem falada foi, ou melhor uma aula em HPE

Tiago Mestre disse...

Filipe, pelo tratado de Lisboa, o BEE está impedido de adquirir obrigações diretamente nos leilões primários. Contudo, tanto Trichet como Draghi não hesitaram em fazê-lo no mercado secundário, que é a mesma coisa, apesar de não o ser tecnicamente, e assim enganaram o Tratado e 500 milhões de europeus.

Draghi, talvez pelo seu passado de consultor financeiro na GS e por ser italiano (não sei), logo que agarrou o poder, não hesitou: para além de manter o programa de aquisição de dívida soberana, anunciou 2 megaleilões de crédito a 1% com maturidade 3 anos (o tal LTRO, uma espécie de programa TARGET2 mas com MUITO mais dinheiro envolvido). Com isto comprou tempo retirando nervosismo aos desesperados banqueiros e aos fracos políticos que imploravam pela ação do BCE.

Estou de acordo contigo acerca da predominância dos neoclássicos, e por isso mesmo, a minha aposta é que a impressão de dinheiro continuará a servir os interesses da classe política e dos banqueiros. Não sei por quanto tempo, na medida em que o sistema é insustentável, mas até lá acho que nos devemos preparar para uma potencial inflação, ou seja, tornarmo-nos mais produtores e cada vez menos consumidores de coisas de fora. Quem tem terras e água, por exemplo, pode começar pela pequena agricultura. É um admirável mundo novo para quem nunca viveu nesse ambiente.

Tiago Mestre disse...

Alex Weber e Jens Weidmann saltaram do Bundesbank e do BCE respetivamente em 2010 e 2011 por não concordarem com a compra de obrigações e a impressão de dinheiro. Esses é que são os verdadeiros inflexíveis, mas como podes ver, o destino deles foi a porta dos fundos.

Tiago Mestre disse...

Filipe, cometi um lapso nos nomes. Foi Alex Weber e Jurgen Stark que sairam. Jens Weidmann mantêm-se no Bundesbank, apesar das críticas contundentes que faz a Draghi, nomeadamente com o programa LTRO