11 de abril de 2012

OCDE só acrescenta ruído.

Tendo bem cedo dado uma vista de olhos pelos jornais, saltou-nos à vista a capa do I.

"OCDE: Troika deu estocada final à economia portuguesa"

Mais banalidades informativas que só provam que todos estes mega-organismos mundiais pouco mais sabem do que publicar estatísticas sobre o passado. Pelos vistos a OCDE publica um índice de crescimento de cada país, em que o valor 100 significa a fronteira entre crescer ou diminuir, e Portugal passou de 103 para 97 num ano.

Ainda ontem nos indignávamos com as conclusões do FMI, em que basicamente se contradiz TOTALMENTE com o que afirmou há 1 ano quando iniciou funções em Portugal.

No início era a austeridade - cortes na despesa e aumento da receita - que traria de volta o crescimento ao país.

E então vêm agora dizer que afinal a receita "não presta" porque aniquila a economia?

Ao governo português não poderão culpar, porque segundo o relatório da 3ª avaliação da troika, Passos Coelho cumpriu com o que se lhe exigia.

Como não foi possível terem percebido esta correlação EVIDENTE entre consumo público e PIB ??
Ou foi por incompetência
Ou foi a esperança num milagre no futuro
Ou foi apenas para salvar o momento

Qualquer uma destas conclusões dá um nervoso miudinho, sobretudo quando aqui no Contas tínhamos já a clara consciência de que a redução do setor público teria que dar em quebra do PIB.
É uma valente chatice esta correlação, preferíamos que não existisse, mas a matemática de 6 º ano do ensino básico diz-nos que não é possível contrariá-la.

Na altura a OCDE não se pronunciou (presumimos nós), mas passado 1 ano e depois de muitas evidências, já se junta ao coro daqueles que afirmam que afinal a austeridade mata a economia.

É CLARO QUE MATA A ECONOMIA, MAS INFELIZMENTE TEM QUE SER ASSIM PARA LIVRAR O PAÍS DO JUGO ESTATAL.

É preciso fazer um desenho?

Tiago Mestre

3 comentários:

Filipe Silva disse...

Tiago o FMI é composto pelo main stream económico, o plano traçado foi com o único propósito de assegurar o pagamento do empréstimo concedido.

Em relação ao crescimento, é natural e inevitável o encolher do PIB, dado que este esta dependente do consumo, consumo este que estava alanvancado em crédito. Crédito este que agora não existe, sabemos que existe um Credit Crunch.

Se o modelo de crescimento assentou na divida( o nosso e todo o do mundo ocidental), o que iria acontecer quando nos obrigam a diminuir essa divida?

Que raio de economistas são estes?
Mas qual é a alternativa? senão nos emprestam dinheiro, o que vamos fazer?
A austeridade é essencial, mas não é a que esta a ser feita.


Bem penso que a Troika e o governo estão a arranjar "lenha para se queimar" no futuro muito próximo.
O BP colocou um numero muito chocante, a divida de todo Portugal é de 715mil milhões, o Estado até pode controlar a sua divida e diminui-la mas da forma que a esta a fazer, via receita(diminuição do rendimento disponível), vai levar ao incumprimento dos privados, e como vai ser?
Este é um problema muito importante, que não vejo ser discutido, nem tido em conta na resolução da depressão que atravessamos

Tiago Mestre disse...

Filipe, provavelmente tens razão, foi apenas para garantir o pagamento da dívida que estava prestes a vencer aos credores internacionais e não lançar ainda mais pânico nos mercados.

... sobre o crescimento assentar em dívida e os economistas mainstream carimbarem essa política económica:
Pressuponho que todos eles acreditavam (alguns ainda acreditam) que a globalização garantia um amortecimento por via da mitigação dos investimentos espalhados por todo o mundo, ou seja, o risco espalhar-se-ia por tantas aldeias que seria impossível contagiar gente suficiente em simultâneo que gerasse pânico.

Não imaginaram que com o FED a apoiar todos os maus investimentos e a emprestar sem limites a 1% se carregasse tanto e em tão pouco tempo tantas aldeias com investimentos baseados em dívida e ativos que do dia para a noite se tornaram "passivos".

O mercado de derivados com as as suas apostas por vencer já totaliza mais de 700 triliões de dólares. O PIB americano são 15 e o mundial próximo de 70

Ninguém acreditava que tanta gente se endividasse tanto e em tão pouco tempo, e assim se esboroaram as espectativas de que este esquema de gerar dívida para cobrir dívida poderia durar muitas décadas como novo paradigma económico.

Um economista como tu que se interessa genuinamente por estes assuntos poderia avançar com um blog que revelasse a história económica destas últimas 4 décadas, sobretudo desde que o dólar se tornou fiat e as economias ocidentais começaram a crescer cada vez menos. Tanto eu como o vivendi seríamos atentos leitores e estimados divulgadores...

Vivendi disse...

Em 1970 os EUA eram o maior credor do mundo agora são o maior devedor do mundo.

O Filipe é entendido na matéria e o país precisa de conhecer as boas ideias e pensamentos.