12 de abril de 2012

Proteccionismo - primeiro ensaio

Pretendemos com este post iniciar um conjunto de reflexões que, alimentadas pelos leitores através do espaço para comentário, contribuam para o desabrochar de novas ideias sobre um velho tema: O PROTECCIONISMO

Sobre proteccionismo entendemos como sendo a necessidade de um país impor barreiras alfandegárias à importação de bens vindos do exterior, quer sob a forma de taxação ou outra.

A velha questão do proteccionismo tem vindo a ganhar importância porque, em países europeus tendencialmente mais importadores do que exportadores, essa dicotomia acentuou-se ainda mais após a adesão aos tratados europeus e ao euro.

Tais desequilíbrios nas balanças comerciais, em vez de serem tratados em sede própria, foram sistematicamente adiados através do "falso" apoio que credores externos nos concediam ao emprestarem vastas quantias de dinheiro cobrando juros muito abaixo do prémio de risco de Portugal.

Com dinheiro emprestado, Portugal tornou-se num país tendencialmente mais consumidor e menos produtor. Não é de estranhar esta consequência económica. Quando nos emprestam dinheiro com juros muito abaixo do  risco que representamos, até nós nos convencemos que também somos ricos e que algures no futuro tudo se irá liquidar.

Todos estes desequilíbrios comerciais cresceram em forma e feitio, contudo a apatia das lideranças europeias era evidente, demonstrando total desconhecimento e incompetência em lidar com problemas desta dimensão.

A festa durou até muito tarde: 2011. Tivessem os credores desconfiado mais cedo da nossa irresponsabilidade orçamental e não teríamos:
1. Contraído tanta dívida em tão pouco tempo
2. Desencorajado tantos produtores a deixarem de contribuir
3. Deixado tantos cidadãos tornarem-se meros consumidores com dinheiro emprestado

O mal está feito, não há volta atrás, mas olhando para o futuro, as receitas que a elite política nos quer mostrar como as adequadas são: CONTINUAR EXACTAMENTE  TUDO NA MESMA, ou seja,
recuperar o fôlego deste "azar" que nos bateu à porta e tentar já em Setembro de 2013 voltar a pedir emprestado aos credores as quantias gigantescas que é preciso para que a festa do crescimento real virtual do PIB continue.

O melhor que poderia acontecer a Portugal seria que a confiança dos credores realmente não regressasse tão cedo. Tal choque de crédito exigiria à sociedade profundas mudanças, e com isso iniciávamos um novo paradigma na história secular do nosso país.

Mas para que tal processo ocorresse, 3 assuntos (entre muitos outros) teriam que estar "em cima da mesa":

1. A reestruturação da dívida (leia-se bancarrota), como forma de recomeçar e deixar de libertar tanto dinheiro para pagamento de juros.
2. A criação de moeda própria (saída do euro)
3. A criação de barreiras alfandegárias que promovessem a correcção da balança comercial e imprimissem novo fôlego aos produtores nacionais ( renunciar aos tratados da UE e à própria UE)

É sobre o terceiro fenómeno que gostaríamos de ouvir as opiniões dos nossos leitores.
O assunto é complexo pelo que a sua análise exige mentes com espírito aberto e desassombrado.

Esta semana houve uma votação em França (notícia aqui) em que se questionaram assuntos tão importantes como o regresso do proteccionismo e outros fenómenos económicos que arrepiam as mais elementares regras dos Tratados Europeus.

70% dos entrevistados acreditam que se devem erguer barreiras alfandegárias contra produtos importados de países emergentes;
66% acredita que caso outros países europeus não sigam este caminho, a França deverá fazê-lo sozinha;
Apenas 22% acredita que o mercado aberto é bom para a França.

E estamos a falar da França, um país que esteve na origem e na constante renovação do modelo social europeu.

Fica aberta a discussão!

Tiago Mestre

23 comentários:

Vivendi disse...

Tiago,

Eu também tenho aprofundado o meus estudos nessa área.

E tem uma questão que muito frequentemente se levanta na via das exportações, se todos os países insistirem em que têm de exportar, então quem compra? Os marcianos?

Penso que a resposta leva à necessidade de harmonia nas trocas comerciais e o mesmo só pode acontecer caso exista algum tipo de controle.

Outro fator importante é sobre os recursos limitados existentes no planeta e penso que em políticas protecionistas os mesmos serão melhores salvaguardados.

Outra das vantagens já abordada no teu artigo diz respeito à expansão monetária e crédito que serão reduzidas em função de políticas protecionistas tornando a economia mais real do que virtual.

Tiago Mestre disse...

No artigo do testosteronepit sobre o Japão, o governo fixou um preço mínimo para o arroz importado, ou seja, independentemente do preço a que chega arroz chega aos portos japoneses, a taxa varia mais ou menos até que se atinja o valor fixado.

Sendo Portugal um país sobretudo de minifúndio, salvo honrosas exceções, parece-me evidente que os custos de produção de bens alimentares sofrem com a falta de economia de escala, ou seja, somos pouco competitivos para com a nossa vizinha Espanha e quase todos os outros países com maior dimensão.

Por onde se deve começar?
Analisar e compreender os verdadeiros custos das explorações agrícolas que possuímos, e por aí compreender como se formam os preços dos bens que chegam aos mercados.
Só depois se pode pensar em aplicar taxas alfandegárias que:

1. Não aniquilem importações, porque transmitiria um mau sinal aos nossos parceiros comerciais;

2. Dêem oportunidade aos nossos agricultores para "puxarem" pelas suas explorações;

3. Transmitam um sinal de oportunidade a muitos outros cidadãos que, desempregados ou não, possam iniciar atividade no setor primário, tornando-se contribuidores para a produção nacional e ajudando a balança comercial.

Contudo, Portugal importa hoje mais de 70% do que necessita em termos de alimentação. É uma dependência tão grande do exterior que nos obriga a refletir se a limitação de importações por via alfandegária não cria as condições de escassez de bens à venda.

Tal fenómeno poderá gerar inflação, prejudicando ainda mais as famílias sem poder de compra, mas por outro lado estimula o regresso à agricultura por se tornar um negócio mais rentável.

Como poderíamos balancear este conflito de interesses?

Filipe Silva disse...

Excelente ideia.

Temos de revisitar o passado, o comercio mundial em moldes parecido com o que assistimos hoje teve o seu inicio com a revolução industrial, esta veio possibilitar economias de escala o que levou a uma baixa de preços e devido ao rápido aumento da população criou uma procura sustentada.
A Globalização foi interrompida com a 1ºGM e a grande depressão, tendo esta regressado em força após a 2ºGM, entre a 1ºGM e a 2ºGM assistimos a um surgimento de regimes totalitários onde o proteccionismo económico era muito forte.
Penso que a 2ºGM acaba por acontecer devido a esse proteccionismo dado que ao não existir comercio entre nações, e devido ao crescimento industrial destas levou a um aumento da necessidade de matérias primas e de novos mercados para poderem vender as suas manufacturas.

Com isto, quero transmitir que este é um assunto muito importante e que se não for pensado de forma correcta e com devida ponderação, não devem ser tomadas decisões unilaterais por parte de países(com peso na economia mundial), devido à interligação e interdependência das economias mundiais na actualidade, pois atitudes destas levaram certamente a conflitos armados.

Numa relação comercial saem os dois (vendedor e comprador) a ganhar, o vendedor recebe a moeda, o comprador fica com o valor, por isso as importações não são más, antes pelo contrário são uma forma de aumentarmos o nosso nível de satisfação. Escrevo isto porque quem ouvir falar muitos comentadores e até políticos as importações são algo nocivo à nossa economia.

É um assunto sobre o qual é de complicada análise. Tenho várias ideias.

Gostaria de perguntar ao Tiago qual a sua opinião em relação ao tema "os banqueiros governam o mundo", digo isto porque é um tema recorrente sejam comunistas, libertarian´s , extrema direita. A história da guerra civil americana, a da constituição do FED, do inicio da primeira guerra, etc...

Pergunto isto porque tem impacto no assunto em discussão

Vivendi disse...

Tiago,

Concordando contigo no 1. e 2., e penso que no 3. que a agricultura pode ser o ponto de partida, e aliás vejo como catalizador de um possível potencial económico adormecido que seria estendido à indústria, ao comércio tradicional e turismo. Sabendo que não compensa plantar em grande escala (cereais), muito pode ser feito.

Dentro desses 70% de importações seriam bom analisar de que se trata, e o que se consegue substituir com fundamentos corretos.

Vivendi disse...

Filipe,

Quem mais vais perder na globalização será a Europa e os EUA.

Estamos a entrar num ponto em que os países e as sociedades serão descaraterizadas, ou seja dentro de um país existe uma parte da população fortemente beneficiada com a globalização (monopólios e empresas que obtiveram relativo sucesso) e outra parte da população que só perdeu com a globalização (desempregados, inadequações de capacidades, falta de oportunidades)

As trocas comerciais não são problemas desde que haja capacidade de pagamento.

Mas que adianta jogar só no tabuleiro da globalização e porque não jogar no tabuleiro das aldeias.

Aliás qual dos dois tabuleiros pode agora integrar melhor as pessoas no trabalho e estimular a função social?

Filipe na tua pergunta ao Tiago, só o termo indústria financeira me dá calafrios, e quando olho para o que é hoje uma bolsa, ou seja mais um casino que algo racional, dá pena a transformação negativa no mundo. O dinheiro virtual sobre o dinheiro real. O caso BES de ontem é um bom exemplo.

Este quadro assim o mostra:

http://vivendi-pt.blogspot.com/2012/02/quadro-economia-real-vs-economia.html

Tiago Mestre disse...

O proteccionismo só faria sentido se acompanhado por uma política de elucidação às populações das consequências desse mesmo proteccionismo:

1. Inflação dos bens alimentares e outros;

2. Incapacidade de auto-sustento em zonas mais urbanas;

3. Proliferação de criminalidade e aumento do desemprego;

4. Oportunidades nas áreas produtivas portuguesas, como a agricultura, a pequena indústria de apoio à agricultura, a média e grande indústria que suporta a pequena indústria, e turismo, muito turismo.

5. Redefinição do mapa urbano português, ou seja, teríamos que assistir a novas migrações internas (não seria por falta de vias de comunicação). As comunidades teriam que voltar a ser rurais, locais.

A aldeia ficou esquecida nestas últimas décadas devido ao abandono da agricultura como atividade rentável. Com isso perdeu-se parte da nossa cultura.

Acreditam que Portugal e os portugueses conseguirão efetuar esta migração espacial, cultural e económica?

Tiago Mestre disse...

Sobre "os banqueiros que governam o mundo", farei um post no blog

Vivendi disse...

Tiago,

Eu acredito, havendo oportunidade o desejo é de mudança. E enquadrado também na filosofia e na sociologia a opção faz todo o sentido.

Eu hoje estive a pesquisar sobre Espanha e já tem casos de espanhóis a procurar comida nos caixotes de lixo na Noruega.

Tem casos assim de portugueses espalhados Europa fora.

As migrações podem e devem ser orientadas.

André disse...

Regressar ao proteccionismo é regressar à miséria ! Sempre que Portugal mais cresceu foi quando deu início a grandes movimentos de abertura (1960-1974; 1986-1992). Agora podemos em caso de emergência nacional podemos negociar com o FMI e a UE medidas de proteccionistas temporárias, mas só em caso de extrema urgência!

O problema das contas externas portuguesas deve ser encarado sobre dois aspectos:

- As exportações: o recente dinamismo das nossas exportações é de saudar, tanto mais que tem lugar num periódo de extrema fragilidade das economias occidentais e consegue entrar em força nos mercados emergentes. Tudo isso são sinais que as nossas exportações estão a aumentar cada vez mais o seu valor acresentado. No entanto apesar deste cenário favorável existe um conjunto de rigidezes na nossa economia que impedem as nossas exportações de avançarem ainda mais depressa. Fora evidentemente a tradicional burocracia, a promoção desastrosa das entidades públicas dos nossos productos no estrangeiro, o país sofre de uma grande discrepência entre um Norte e um Centro fortemente excedentárias (se bem que neste subconjunto as regiões do Interior tem imensas dificuladades em serem mais competitivas) que não conseguem absorver os défices do resto do país, em particular da região lisboeta. Por isso se queremos dinamizar as nossas exportações temos de diminuir a TSU (se bem que isto não é prioritário, nem é nenhuma receita mágica), descentralizar o país (e como medida “original” proporaria de aumentar por isso os impostos no IVA nas regiões deficitárias e ricas e de reduzir a TSU nas zonas mais pobres), acabar com os subsídios que são tantos incentivos errados, acabar com o Salário Minímo Nacional e toda a legislação laboral nacional por um conjunto de Convenções Colectivas de Trabalho, negociada somente entre os sindicatos e confederações patronais a nível sectorial e regional.

- As importações: não fosse a Energia as nossas contas externas estariam excedentárias, portanto temos de incentivar a eficiência energética (via nomeadamente o fim de todo tipo de subsídios), acabar com o monópolio informal da Galp e pensar a começarmos a fazer compras conjuntas com a Espanha de maneira a obtermos preços de grosso. Finalemente limitar fortemente todo tipo de investimento público (os défices externos dos últimos anos devem-se em larga medida à construcção de infraestructuras que necessitam materiais estrangeiros).

Filipe Silva disse...

O papel da economia (enquanto ciência social) na minha opinião é melhorar a vida da espécie humana, tendo respeito pelas outras espécies que habitam o mundo.

O principal problema do mundo ocidental hoje é o excessivo desemprego e consequente diminuição da qualidade de vida.
Porque assistimos a um aumento do desemprego?
existem várias razões, sendo as mais importantes na minha opinião as seguintes:

Desenvolvimento tecnológico: com a crescente robotização e das novas tecnologias da informação vieram a tornar muitas profissões obsoletas, perspectivando eu que este processo irá ainda se agudizar.

Abertura de sociedades antes fechadas ao mundo: A China, Índia, entre outros, foram países que durante muitos séculos estiveram fechadas, sendo estes países com enormes massas de mão de obra barata disponível e desejosas de melhorar o seu standard de vida.

Políticos Ocidentais ao serviço dos interesses da Banca e das grandes empresas globais(correndo o risco de parecer o PCP): Temos de em atenção há evolução das empresas globais, estas iniciaram-se como empresas locais, depois tornaram-se regionais, mais tarde nacionais, quando o seu tamanha se tornou demasiado grande para o mercado nacional, internacionalizaram-se começando a perder a sua identidade nacional passando a ter uma identidade internacional, com o seu crescimento e o facto de se terem tornado publicas(passaram a ter accionistas e não um dono, exemplo a Ford, teve na sua origem um homem Henry Ford, hoje é uma empresa cotada em bolsa e pode ter "milhares de donos"), leva a que a importância seja a de distribuir dividendos aos accionistas e os seus Gestores recebem em função dos resultados apresentados, estes factores levaram a que as empresas globais deixem de sentir uma responsabilidade social para com a região de onde "nasceram" (o caso de Detroit é um bom exemplo), dado que os políticos se tornaram dependentes do dinheiro do Big Buisiness para as suas eleições (Obama angariou 2000milhões para a sua eleição) leva a que as decisões sejam tomadas em prol destes e não da população.

Mais factores existiram certamente, concordo em Absoluto ctg Vivendi que a sociedade vai se tornar, ou melhor já se tornou descaracterizada como dizes, os monopólios pelo menos em Portugal foram criados pelos políticos , não pela globalização.

O principal problema das sociedades ocidentais é a corrupção que cada vez se torna maior, o estado foi tomado de assalto pelos banqueiros e pelas maiores empresas, por isso penso que o proteccionismo é um assunto muito complexo, porque colocar barreiras para beneficiar os que já exploram os portugueses não vejo grande benefício para os portugueses.

O Tiago fala muito bem quando apresenta os 3 vectores, a declaração de bancarrota, a saída do Euro e da UE. Com os actuais políticos e com a actual corrupção que vigora em Portugal penso que é preferível andar de mão estendida à UE, digo isto, porque tem demonstrado que iriam se orientar e o povo ficaria a viver pior, basta ver o assalto ao orçamento que tem vindo a fazer nos últimos 35anos, com as imposições da Troika ao menos vão se cortando em alguns esquemas de roubo do povo português, infelizmente não em todos.

Vivemos no mesmo esquema que vivíamos no tempo do estado novo, a diferença é que hoje podemos estar aqui a ter esta troca de ideias sem receio de sermos presos, mas o efeito prático é o mesmo.
A verdadeira liberdade vêm com a independência económica, algo que a sociedade portuguesa não tem, logo não é livre.

O que Portugal precisa é de uma revolução cultural, contrariamente há levado a Cabo pelo Mao Tse Tung libertarmo-nos do Estado, exigirmos que a constituição seja outra, uma que de facto dê poder às pessoas para terem capacidade de trilharem o seu próprio caminho.

Filipe Silva disse...

Analisando o que o André escreveu,temos de lhe dar razão é verdade que sempre que a Economia se abriu aumentou o seu crescimento, mas não esquecer que este crescimento foi subsidiado pelo Estado, hoje o estado não pode nem está em condições de fazer o mesmo, nem na minha opinião o deve fazer.

O problema das contas externas é fundamentalmente o caminho traçado pela classe política desde o 25abril, vejamos recebemos biliões da UE e este dinheiro foi utilizado em consumo e não na modernização do nosso tecido produtivo, para não falar nos esquemas montado para sacar o dinheiro que vinha da UE, tudo isto com a cobertura dos políticos.

O interessante é que a industria textil por exemplo, transformou-se desenvolvendo-se tecnologicamente apenas a partir de perder o proteccionismo.

A má imagem que temos é devido a termos apostado durante décadas em baixos salários e baixa qualidade, os nossos parceiros económicos ficaram com essa ideia, tem vindo a alterar.se mas não ao ritmo que seria desejável para Portugal (por algum motivo inumeras marcas portuguesas tem nomes estrangeiros)

A descentralização do país é um fenómeno politico e cultural, desde sempre se privilegiou Lisboa face ao resto do país, basta lembrarmo-nos que o estado negociou o desvio de verbas que eram para o norte para lisboa.

O corte da TSU implica o desmantelamento do Estado Social tal como está montado, não se tem dinheiro para o manter sem esse imposto.

Acabar com o salário mínimo é uma má ideia
Concordaria se tivéssemos uma mentalidade diferente, o empresário português é ainda da velha escola (pelo menos a maioria) em que o que lhe interessa é ganhar o máximo em menor tempo possível( lembro que quando se falou passar a pagar 12 em vez de 14 meses, o presidente da CIP manifestou-se logo favoravelmente, dizendo que as empresas necessitavam de pagar só 12 e seria excelente senão tivesse de pagar 14, e a intenção não era dividir por 12, era mesmo acabar com os 2subsídios), as pessoas tem de aspirar a ter um salário que lhes proporcione uma vida digna, senão rapidamente viramos um Brasil.
Os economistas main stream não permitem que tinhamos deflação logo, o salário não pode baixar.

Podemos esperar um aumento do preço dos combustíveis fósseis, além que a Galp não vende assim tão mais caro do que a média europeia, uns 2/3centimos o que pesa é os impostos.

O problema é que todos os partidos políticos são socialistas, logo a intervenção estatal terá de sempre acontecer, esta contida devido a não haver dinheiro, graças aos mercados que não nos emprestam

Vivendi disse...

Bravo meus caros!

Muito elevado o debate e como não se vê por aí.

Creio que foram tocados em vários aspetos decisivos à economia portuguesa e todas as suas inter-ligações positivas e negativas.

O Filipe tocou num aspeto importantíssimo da realidade, a cultura, ou seja a falta de engenharia social, aliás quem tem tentado alguma é a esquerda.

Falta uma atmosfera cultural, um debate cultural elevado. Tem que se compreender o que se passou com as pessoas.

A engenharia social procura mudar a conduta das pessoas e só com um projeto de sentido de comunidade constrói-se a repartição justa da riqueza, a defesa do património comum, material e imaterial, a arquitetura, a paisagem, a língua e não valores ideológicos.

E esse foi o erro do 25 de Abril. Em que não soube aproveitar o que havia de bom do passado e ter procurado fazer ainda melhor, deixou-se sim vencer pela mediocridade e pelo facilitismo caindo na corrupção. Assim atualmente temos uma estrutura de poder em Portugal principalmente mesquinha e corrupta, que viveu até então de obras de fachada só porque o dinheiro jorrava da fonte.

Outro fenómeno interessante na economia, é que agora temos o moderno socialismo, que é o estado socializante pelo controle da economia mas sem nunca chegar à totalidade, mas quanto mais controle socialista existe, mais depressa as pequenas empresas desaparecem e quem ganha são as grandes empresas monopolistas visto que já não há o risco da estatização total. Que poderia funcionar também como definição para o velho e típico estado fascista. Curioso não é?

André disse...

Caro Filipe Silva, você põe à luz vários problemas que causa a intervenções estatal no bem-estar das pessoas sem o dizer e sem apresentar (expressamente) a conclusão inevitável.

Quando você diz:

"vejamos recebemos biliões da UE e este dinheiro foi utilizado em consumo e não na modernização do nosso tecido produtivo, para não falar nos esquemas montado para sacar o dinheiro que vinha da UE, tudo isto com a cobertura dos políticos."
Intervencionismo, utlização de dinheiros que se não fosse a decisão política não iriam nesses sectores. O problema está bem no facto dos políticos decidirem e não só de decidirem mal (eu direi inclusive que os políticos decidem sempre mal, mesmo os mais competentes).

"O interessante é que a industria textil por exemplo, transformou-se desenvolvendo-se tecnologicamente apenas a partir de perder o proteccionismo."
Lá está, quando o Estado não empata as coisas acontecem.

"A má imagem que temos é devido a termos apostado durante décadas em baixos salários e baixa qualidade, os nossos parceiros económicos ficaram com essa ideia, tem vindo a alterar.se mas não ao ritmo que seria desejável para Portugal (por algum motivo inumeras marcas portuguesas tem nomes estrangeiros)"
Quem apostou nos salários baixos e na baixa qualidade foram os políticos! A ver se não havia os subsídios e o proteccionismo informal há muito que a indústria têxtil se teria renovado, e os licenciados em vez de irem encher as vagas da Função Pública estariam em empresas de alta tecnologia. Intervencionismo, sempre ele...

"A descentralização do país é um fenómeno politico e cultural, desde sempre se privilegiou Lisboa face ao resto do país, basta lembrarmo-nos que o estado negociou o desvio de verbas que eram para o norte para lisboa."
O mal já estava no facto de haver fundos públicos, porque mesmo que tivessem sido utilizados para o Norte e o Interior de certeza que agora estas regiões estariam ainda mais deprimidas. Basta olhar para o Interior: recebeu pouco mas foi o suficiente para criar desincentivos errados que impediram o dinamismo da agricultura, industria e turismo.

Tudo o que disse é exacto e a frase seguinte leva-nos à conclusão inevitável de todo o raciocino:

"O corte da TSU implica o desmantelamento do Estado Social tal como está montado, não se tem dinheiro para o manter sem esse imposto."
O Estado Social está fálido! Está falido porque destrói justamente a riqueza, e porque destrói riqueza é incapaz de manter bases (população jovem e empregada) que o mantenha sustentável! Com ou sem a TSU o Estado social nos seus moldes actuais (ou em outros modos tão intervencionista) está condenado à falência!

André disse...

"Acabar com o salário mínimo é uma má ideia
Concordaria se tivéssemos uma mentalidade diferente, o empresário português é ainda da velha escola (pelo menos a maioria) em que o que lhe interessa é ganhar o máximo em menor tempo possível( lembro que quando se falou passar a pagar 12 em vez de 14 meses, o presidente da CIP manifestou-se logo favoravelmente, dizendo que as empresas necessitavam de pagar só 12 e seria excelente senão tivesse de pagar 14, e a intenção não era dividir por 12, era mesmo acabar com os 2subsídios), as pessoas tem de aspirar a ter um salário que lhes proporcione uma vida digna, senão rapidamente viramos um Brasil.
Os economistas main stream não permitem que tinhamos deflação logo, o salário não pode baixar."
Compreendo a sua reticência, eu próprio defendi pelo passado o mesmo que você expressou. No entanto posso-lhe provar que o fim do SMN não é necessariamente um factor de exploração e empobrecimento dos trabalhadores, nem necessariamente uma causa de deflação.

Para já, porquê que haveriamos de suprimir o SMN?

1) O SMN incentiva os patrões a alinhar os salários pelo baixo. Muita gente que deveria ganhar mais porque têm uma productividade elevada são muitas vezes obrigadas a aceitar salários mais baixos porque os patrões sempre podem dizer que estão a respeitar a lei. Dirá-me que isso não é necessariamente verdade porque se um trabalhador for verdadeiramente productivo haverá de aparecer um patrão que lhe proponha mais que o SMN porque assim verá a sua rentibilidade subir acima do custo de um salário mais alto. O problema é que isso não acontece justamente porque o SMN é um poderoso incentivo para que todos os patrões nivelem os salários pelo baixo, é uma espécie de coligação negativa que se forma entre os patrões porque se há um limite minímo para pagar vale melhor não pagar melhor os melhores trabalhadores porque de toda à maneira a rentibilidade continuirá a ser constante, mesmo que saiam um ou dois mais productivos (os baixos custos dos próximos compensarão a perda do valor criado pelos mais productivos). Além disso como há sempre diversos graus de productividade entre as pessoas, as empresas, os sectores e regiões, se impomos um SMN uma empresa deverá pagar menos os mais productivos porque o SMN está acima da productividade dos trabalhadores menos productivos, por isso há que compensar a diferença ("premiamos a mediocridade e punimos a excelência").

2) Ao fixar um SMN estamos a subsidiar indirectamente certas empresas. Pegamos num exemplo: a empresa têxtil Ramos em condições de mercado livre seria obrigada a pagar 500 euros por trabalhador, quanto ao supermercado Azevedo seria obrigado a pagar 300 euros por trabalhador. Instablecemos um SMN a 400 euros o que se passa? Antes as pessoas eram mais incentividas a procurar trabalho no Ramos, agora tanto lhes faz (obviamente que o Ramos não vai continuar a oferecer 500 se pode dar so 400), eles tenderão então a ir para o Azevedo devido ao facto do trabalho ser menos duro. A prazo deveria haver um aumento do salário no Ramos para que as pessoas não irem todas para o Azevedo e assim haveria equilibro, além de um aumento salarial global quase mágico! O problema é que o Azevedo não pode aguentar custos tão elevados, por isso tem de aumentar o tempo de trabalho de toda à gente, ou pôr muita mais pressão sobre os seus trabalhadores para serem mais productivos. Tudo isso cria incentivos para os trablhadores irem em massa para o Ramos, o problema é que eles são tantos a virem bater à porta da têxtil que o Ramos aproveita logo e só lhes propõe 450 euros. Os trabalhadores ou aceitam essa proposta, ou vão parar para o Azevedo trabalhando feitos doidos (e isso enquanto a Azevedo tiver capacidade de integrar toda à gente). E assim ao contrário do que pensávamos temos trablhadores mal pagos, explorados e empresas incentivadas a não mudarem de modelo de negócio (o Ramos sabendo que sempre poderá ter custos abaixo da suas receitas normais não se vai dar ao trabalho de inovar).

André disse...

Ora a supressão do SMN permite evitar tudo isso, porque obriga os trabalhadores e empresários a se entenderem para aceitarem/pagarem os salários em função da productividade e movimentos do mercado. Obviamente que não podemos suprimir do dia para à noite o SMN. Teremos de montar progressivamente Convenções Colectivas de Trabalho de nível nacional, regional e sectorial. Teremos de criar bases para que os trabalhadores possam negociar individualemente com patrões individuais, para evitar pressões ilegítimas de um lado como do outro. E montar sistemas judiciários que garantam ao mesmo tempo a liberdade individual e o respeito dos contratos, sistemas judiciários simplificados e baratos (que obriguam um máximo de colaboração extra-judicial) para evitar de arruinar os inocentes.

“Podemos esperar um aumento do preço dos combustíveis fósseis, além que a Galp não vende assim tão mais caro do que a média europeia, uns 2/3centimos o que pesa é os impostos.”
O problema é que quem tem o monopólio da refinação do combustível é a Galp, ao mesmo que distribui o producto. Isso desincentiva a concorrência e obriga as restantes distribuidoras a se colarem ao preço que a Galp pode impor à sua livre vontade e capricho.

"O problema é que todos os partidos políticos são socialistas, logo a intervenção estatal terá de sempre acontecer, esta contida devido a não haver dinheiro, graças aos mercados que não nos emprestam"
Ainda tenho esperança! Mas se havia Constituições de jeito, organismos de fiscalizações poderosos e autónomos, separação efectiva dos poderes e descentralização forte, os partidos até podiam ser todos comuno-fascistas que não poderiam prejudicar a vida das pessoas na mesma!

Tiago Mestre disse...

Com tanta boa informação aqui explanada por todos, vou tentar dar um certo contexto histórico e deixar mais uma pergunta.

- O proteccionismo, na sua essência, não deixa de ser uma intervenção de carácter manipulativo pelo Estado. Penso que todos concordamos. E para os que gostam de mais economia e menos estado, esta posição causa desconforto. Ou seja, defender proteccionismo só deve ser equacionado como uma resposta aos "exageros" globalizantes de uma União Europeia que, alinhada numa orientação de total abertura de fronteiras entre países da UE e mais tarde com o exterior através dos tratados da OMC, tentou atender às especificidades de 27 culturas e pelo caminho não atendeu a nenhuma.

- Eu percebo a jogada dos políticos da UE. Como moeda de troca para esta abertura de mercados, era necessário ajudar os países mais atrasados para que não fossem ainda mais engolidos pela voraz globalização.
E como? "Roubando" dinheiro dos países mais ricos (Alemanha) para entregar aos mais pobres. Era este o plano - transferência antecipada de riqueza do país A para o país B na esperança que o A não sofresse muito e o B saltasse para o pelotão da frente.

- E RESULTOU? Esteve por um triz para resultar.
A julgar pela evolução do PIB per capita, Portugal e os mais atrasados nos anos 80 e 90 até conseguiram taxas médias de crescimento superiores às dos países mais ricos - o plano estava a resultar! Mas algures em meados da década de 90, não sei precisar o ano, o fôlego industrial português começou a afrouxar. A indústria não aguentava a pressão do terciário em percentagem do PIB.
E porque é que neste combate de titãs levou a melhor o terciário?
Terá sido o constante crescimento do Estado, que entra apenas como terciário no PIB?
Talvez a transferência de indústrias para outras partes do planeta?

- De seguida a China assina os acordos da OMC.
Acreditam que, nesta economia europeia meio planeada, meio aberta, alguém nos corredores dos escritórios de Bruxelas se apercebeu do tsunami que viria do Oriente com a entrada de um país como a China? Creio que alguns, mas não se deu a importância devida. As coisas estavam a correr até bem e não era a China, com a sua população sub-desenvolvida que iria mordiscar o plano europeu ambicioso de nos tornarmos o state-of-the-art na inovação e tecnologia em 2000 e qualquer coisa.

Tiago Mestre disse...

Parte II e última

- CHINA
Mais de 1 bilião de pessoas, com um potencial social e cultural apto para a indústria e para a organização que esteve adormecido durante décadas. O que se passaria nos 15 20 anos seguintes seria totalmente diferente do passado. O dragão acordou e as fábricas começaram a produzir milhões de iQUALQUER COISA de um momento para o outro. As regras da OMC provavelmente não foram cumpridas, mas independentemente disso, a abertura da China ao mundo revelou-se demasiado potente para que o mundo não se ressentisse.
Em comparação, os Estados Unidos necessitaram de século e meio para se tornarem no início do século 20 a maior potência económica do mundo. Já la vão 250 anos. A China outrora adormecida está a fazê-lo em 25 ou até menos.

- Com esta transferência massiva de riqueza produtiva para o oriente, era inevitável a transferência de riqueza monetária também. A balança comercial tornou-se de tal forma excedentária que só países como a Alemanha e o Japão, fortemente industrializados e capazes de fornecer equipamentos que a China precisava para crescer mas que não tinha tempo para os imitar e produzir em larga escala, é que conseguiram competir. Tudo o resto do planeta era mais importador da China do que exportador para lá.
Mas para que a malta no mundo não se irritasse depressa, a China tratou de reciclar esse excesso de reservas monetárias sob a forma de empréstimos concedidos na aquisição de obrigações americanas, europeias e em variadíssimos investimentos. Com isto os países importadores endividavam-se cada vez mais e os exportadores arrecadavam cada vez mais.
Todo este conjunto de atitudes é perverso, na minha opinião, tanto do lado da China como do lado do mundo ocidental. E porquê?
Porque os desequilíbrios podem e devem ser travados a tempo (é para isso que os políticos tb servem), e se não for do lado do exportador (que tem muito a ganhar em manter o status quo), tem mesmo que ser do lado do importador.

Foi com esta drenagem de riqueza do ponto A para o ponto B em tão pouco tempo que as populações do ponto A começam a perceber (tardiamente) que algo não estava bem.

EIS A PERGUNTA:

- Não sendo demasiado protecionista e tendo em consideração os desequilíbrios comerciais entre o mundo ocidental e os países emergentes/países com petróleo, como é possível ter mais agricultura, mais indústria e menos terciário no nosso Portugal?

O desemprego, o endividamento e os déficit's comerciais e públicos resolver-se-ão naturalmente com a resposta à pergunta porque são consequências e não causas da realidade.

Sobre a falta de uma atmosfera cultural, de uma engenharia social e de continuarmos um bocado a viver como no Estado Novo, considero que esse é um assunto simpático de tratar no espaço mediático, mas que expõe quase sempre a relevância excessiva de uma perspetiva da realidade em detrimento da outra. Se Eça de Queirós se queixava da choldra, já Agostinho da Silva relevava o espírito messiânico e universal do povo português.
Ou seja, somos o que somos, mas é muito importante percebermos quem somos, para que as ideias de transformação social e económica se possam adequar à nossa cultura.
O casaco tem que servir à população.

Filipe Silva disse...

Eu sou contra a intervenção estatal, digamos o meu político preferido é o Ron Paul. É fantástico ouvi-lo falar.

Por várias razões, sendo a principal que quanto maior o Estado menos liberdade teremos.
Eu na minha forma de pensar sou favorável a um estado minimalista.

Mas devemos ter em atenção à sociedade em que estamos inseridos, a história aqui é muito importante porque aplicar teoria económica formulada em sociedades bastante diferentes de Portugal, não é boa ideia, e como diz o ditado "de pessoas com boas intenções está o inferno cheio"(também aplicado aos que defendem intervenção do Estado).

Será que temos uma sociedade preparada e que quer ser uma sociedade liberal?
Desde o tempo de D. Sebastião que como povo estamos sempre há espera que apareça um salvador, alguém que nos guie no caminho, todos os dias ouvimos na televisão que é preciso o governo ter uma estratégia, e mais não sei o que.

O choque cultural de acabar com o salário mínimo em Portugal seria profundo, o principal problema da falta de crescimento é a corrupção e a disparidade de rendimentos existente em Portugal.

Punimos a Excelência? isso é uma verdade para funcionar o que dizes do salário mínimo pressupõe existência de uma cultura de mérito, o que não existe em Portugal.
Por isso acabar com o SMN não levaria ao resultado que preconizas.

A realidade portuguesa é que temos um sistema montado que se alimenta do povo português, temos o que chamo de Chrony Democracy.
A Galp vende a gasolina mais barato que a que é vendida em Espanha (sendo o que o encarece o preço é o imposto), a Galp penso ser a maior exportadora nacional, como monopolista comporta-se muito menos mal do que a EDP.

Eu não tenho esperança, a maioria da população é ignorante e claramente de esquerda, o post que o Tiago fez sobre a banca e os políticos descreve muito bem este aspecto.

Tiago Mestre disse...

Nem de propósito, Boaventura Sousa Santos concedeu na semana passada uma entrevista à Maria Flor Pedroso - Antena 1

Ao minuto 24 refere a questão do protecionismo, sob a forma de derrogações (palavra esquisita) aos tratados da OMC e da Europa.

http://www.rtp.pt/antena1/index.php?t=Entrevista-a-Boaventura-Sousa-Santos.rtp&article=4972&visual=11&tm=16&headline=13

Tiago Mestre disse...

Um artigo que ajuda a esclarecer algo mais sobre o proteccionismo em Portugal

http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223027312I0xPD7et0Mj74GB6.pdf

Se tiverem tempo, leiam e dêem a vossa opinião

Vivendi disse...

A China importou 72,617 quilos de ouro em apenas os dois primeiros meses de 2012. Isso é 587% superior aos 10,564 quilogramas importadas durante o mesmo período de compras do ano passado chinês subiu 5 vezes em menos de um ano.

Isto não é mais que uma transferência de riqueza. Do ocidente para o oriente.

Para os defensores da globalização livre que Portugal exporte todo o seu ouro, mesmo aquele que foi deixado nas lojas de penhores e afins por já não haver dinheiro para pagar contas.

Vivendi disse...

E compra com o papel extramente "valioso" chamado dólar.

vazelios disse...

Meus Caros Tiago, Vivendi e neste caso Filipe e André,

Mudei de emprego e andei afastado dos blogues.

Estou a recuperar terreno (o do vivendi já estou actualizado!) mas como vêm ainda tenho muito para ler.

Sobre este tema tão complexo, interessante e importante, pouco mais tenho a acrescentar, até porque já foi há duas semanas.

Tiago de qualquer maneira é para agradecer o teu empenho, bem como do Vivendi e de todos os outros, em ensinar mais qualquer coisa aos "mais novos", que isto na TV não se aprende nada...

Vou adiantando trabalho e a tempo oportuno tentarei expor algumas questões e ideias que me venham à cabeça.

Um primeiro pensamento:
Quando penso na sociedade em geral, nos seus problemas, na economia, em possíveis soluções, só me apetece armar-me em robin dos bosques e roubar a ricos para dar aos pobres. Sabendo no entanto que na sociedade tecnologica e global de hoje em dia, o efeito poderia ser preverso e contrario.

Todos, quer queiramos quer não, precisamos de investimento dos privados, IDE, precisamos de accionistas, essa gente toda que fica muito mal vista quando as coisas estão mal. Até eu, com formação em gestão, penso que deveria mesmo haver outra forma de criar riqueza para os donos do capital, dando dignidade, bem estar e algum rendimento aos outros "99%".

O meu desafio, Tiago (e aos outros), era exporem um debate e possíveis soluções para o requilibrio monetário à escala global, sabendo de antemão que a economia real (os 60triliões) anda bem longe da virtual (os 700) e que é um assunto também ele muito delicado, porque desincentivar o investimento é uma manobra perigosa. Deveria haver um gap menos entre ricos e pobres, mas com sociedades "democraticas, "livres", tecnologicas e desiguais como esta, como se faz?

Parabéns mais uma vez a todos e obrigado.

Abraço a todos,

André Vaz