6 de julho de 2012

Brussels, we have a problem!

Vamos ver se é desta que salta a tampa a algum triplo A.

Será a Finlância a acabar com o Extend and pretend ?



Caros europeístas e defensores de mais Europa,

Antes de tomarmos partido de uma qualquer opinião temos que fazer este exercício de humildade:

Se fosse a mim que me estivessem a pedir mais dinheiro, com todo este cenário europeu horrível que está montado, aceitaria emprestar ainda mais? E qual seria o limite?

Respondendo honestamente, muito pouca gente aceitaria e ninguém sabe qual é o limite. Ou seja, antes de sermos defensores de mais ou menos Europa temos que compreender se os equilíbrios e os desequilíbrios entre as várias culturas e respetivas economias e finanças públicas são passíveis de serem geridos ou não.

Quem acredita que não podem ser mantidos prefere recuar com esta história de mais Europa, quem acredita que sim luta por mais Europa.

Nós aqui no Contas, pela consciência que temos vindo a tomar dos números e das contas, parece-nos uma autêntica quimera querer mais Europa:
Se os investidores já não querem, é IMPOSSÍVEL os europeus quererem, porque simplesmente não podem. Os alemães, os finlandeses e os holandeses não têm riqueza acumulada que permita financiar 2 biliões de dívida pública italiana, 1 bilião de espanhola, 0,3 de grega e 0,2 de portuguesa. Também não conseguem financiar os 2 biliões que o BCE possui nos seus balanços de LTRO e SMP ao Sul da Europa, bem como os 800 mil milhões que o TARGET2 já espetou ao Bundesbank.
Ou seja, não é mau feitio nem é má vontade. Simplesmente não dá porque é demasiada massa.

Quem manda é sempre o povo, mesmo com Bilderbergs, Davos, maçonaria, encontros na selva, cimeiras europeias, whatever.
E sabendo o que sabemos das culturas do Norte da Europa (que é pouco), estas lutam por mais pragmatismo, mais organização e mais previsão do futuro. Adaptam a sua sociedade para que a incerteza seja eliminada ao máximo. Pudera, com aquelas condições climatéricas, qualquer descuido significa morte imediata.
E nos últimos anos a UE tem pedido a esta malta que aceite a incerteza e a falta de planificação como modus vivendi, face às surpresas desagradáveis e incertas que chegam do Sul da Europa. Eles aguentam, aguentam, mas vão enchendo o copo, e depois rebentam tudo de uma só vez. É essa a sua cultura porque foi assim que o povo sobreviveu e prosperou naquele contexto de vida, e como esta não muda nem num século quanto mais em 10 anos, eles continuam tal e qual como eram no início do século XX, tal como nós continuamos iguaizinhos ao que éramos. Quem julga que a nossa cultura mudou nos últimos 50 anos, temos a informar que está apenas hipnotizado pela tecnologia e pela revolução urbana que ocorreu.

Continuamos a cometer os mesmos erros e a efetuar as mesmas proezas, com a diferença da termos um forte aliado que ajuda a amplificar o que fazemos de bom e de mau: A Tecnologia.

A Europa, para mal dos nosso pecados, está destinada a defender os seus ideais de super organização e super produção através da força e da irracionalidade. Não esquecer que é tão só o seu instinto de sobrevivência a funcionar.

Foi por isso que estivemos separados desta gente durante tantos séculos, mas houve uns iluminados há 38 anos que se lembraram que este é que era o caminho. Santa ignorância, chiça!

Tiago Mestre

4 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com a ideia, é bastante improvável que culturas tão distintas consigam encontrar uma solução conjunta, satisfatória para ambas, análise para os sociólgos...
Mas creio também que a impanciência de alguns, nos trouxe ainda a mais dificuldades, não propriamente dos filandeses.
Costumava apreciar os países nórdicos pelo pragmatismo, paciência até mesmo a liberdade aliada à honestidade que sempre transpareceu da sua cultura.
Ultimamente seguem erros passados inflamando posições e fazendo ameaças e esquecendo o desfecho de tantas outras posições. Povo é quem manda, mas o povo no seu geral não está bem informado.

vazelios disse...

Duas situações que gostava de comentar:

--> Não somos todos seres humanos? Mas porque não nos podemos adaptar à cultura dos outros? Agarramos o que de melhor tem a nossa, juntamos o que o vizinho tem de melhor. Assim melhoramos, assim crescemos. As empresas fazem isso todos os dias, chama-se a isso Benchmark como sabem.

Medina Carreira está sempre a dizer que temos de copiar os bons exemplos, os sucessos da Suécia dos anos 90, por exemplo.

A nossa cultura só não evolui porque os media assim não deixam. Vá lá, de vez em quando ainda se vê bons comentadores e bons programas como "olhos nos olhos", "negócios da semana", entre outros. Mas com concorrência do "idolos" e novelas torna-se dificil. Com a imprensa escrita tal como está é impossível de mudar seja que cultura for. Eu sei que era possível se houvesse vontade politica e de todas as instituições, mas talvez seja impossivel tal como as coisas estão.

vazelios disse...

--> Vi à pouco o programa do Zé Gomes Ferreira no blog do Vivendi e pensei que o problema não se trata só de cultura, da luta entre países ricos e pobres, guerras cambiais, países mais ou menos produtivos.

A luta está também nas pessoas, nos corruptos, nos milionários que ganham dinheiro à custa dos outros, dos milionários que não cedem nas rendas mesmo quando tudo está a dar para o torto.

Já disse isto uma vez e volto a dizer. Se fosse um dos que beneficiam das rendas das PPP's, teria todo o gosto em renegociá-las, pois mais vale ganhar pouco durante muito tempo, do que muito durante (muito) pouco tempo, porque Portugal não tem capacidade para mais. Teria todo o gosto em contribuir para a melhoria de Portugal, e quiçá, beneficiar um pouco mais tarde. Mas para quê insistir em asfixiar o que já está mais que asfixiado?

O mesmo se passa pela europa e mundo ocidental fora. A economia real equivale a menos de 10% da economia total global. Muitos investidores, banqueiros, malta que tem dinheiro, não quer abdicar da riqueza. Mas será que não percebem que esta situação não pode durar muito mais tempo?

A ajuda não tem de vir do BCE, nem do FMI, nem da Finlãndia. A ajuda tem de vir de quem tem muito. Este feudalismo encapuçado de socialismo onde os que mais têm são os que menos pagam e mais recebem, tem de se inverter. Podem ser ricos, mas não tanto. Abdiquem de alguma quantidade astronomica das rendas que recebem. Abdiquem de alguns juros que acordaram. Baixem os juros de 7% para 3%. Continuam a receber na mesma. Podem perder dinheiro, mas mais vale isso do que isto estoirar e não receberem nada!

Se eu fosse a Finlãndia emprestava dinheiro a Portugal? Talvez não porque somos irresponsáveis e deixámos que politicos permitissem o estado das coisas. Mas as pessoas que realmente têm dinheiro têm de facilitar, foram cumplices da situação, ganham muito dinheiro com ela, e podem perder tudo com ela. Não somos só nós! Não será o primeiro caso de solidariedade na história mundial. Mas será a primeira se houver colapso economico mundial. Porque a estoirar o Euro ou Dollar ou outro, tal como a economia globalizada está, cairá tudo aos bocadinhos. Sobrevieremos, sim, mas podemos evitar uma queda tão grande.

Alguns beneficiaram de informação preveligiada para ganhar dinheiro, epa juntem-se e debatam, não podem continuar a ganhar tanto durante anos!! Pior, querem aumentar os lucros a 2 digitos por ano! É uma insanidade! É matematicamente impossivel.

Estou errado???

Se fosse milionário preferia manter-me um bocadinho menos milionário, do que deixar isto estoirar.

A meu ver, não é só uma revolução financeira, é uma oportunidade para uma revolução social, uma grande lição a nível mundial, maior que a WWII onde aprendemos que as guerras podem matar em grande escala. Pois esta guerra financeira podes destruir todos os avanços tecnologicos e sociais que temos.

Enfim, Tem de haver transferência de riqueza sob grande risco de todos ficarmos a perder.

E com isto não digo incentivar as facilidades, naturalmente que depois de uma revolução tão grande teria de se reformular todo o aparelho democrático e responsabilizar realmente as pessoas.

É possível, mas humanamente pode ser impossível.

vazelios disse...

Quando falo em haver transferência de dinheiro não é desatar a dar dinheiro às pessoas.

É sim poupar muita divida que aí anda...eu sei que é um pouco beneficiar más praticas, condutas e má gestão mas no fundo estão tudo e todos sobreendividados!

Não vejo saída se não um reequilibrio monetário mundial!

E refundar os valores mais primordiais e basicos da sociedade como ética, transparência, honestidade...