10 de julho de 2012

Espanha entra na espiral portuguesa do juro exponencial

Esta espiral de criar dívida nova para pagar dívida antiga, mas com juros superiores e obrigando a pedir mais dívida ainda, é um fenómeno que já estamos a viver em Portugal, como explicámos aqui. Voltamos a mostrar o gráfico:

Este fenómeno é muito sério. Basta ver que a curva assume um comportamento exponencial.
Espanha começa a entrar AGORA nesta espiral.

Com a cortesia do blog Soberlook e do Credit Suisse, o quadro abaixo revela números interessantes sujeitos a leituras:


Conclusões rápidas:

1. O stock de dívida espanhola subirá tanto mais quanto as necessidades de financiamento, influenciada pelo défice que a monarquia está a gerar em 2012. Se cumprirem um défice de 5,3%, falta-lhes pedir 50 mil milhões de euros até 31 Dez.

2.Mas caso o défice resvale bastante, as necessidades sobem para 60 mil milhões e, para agravar, o juro médio também subirá tendo em conta que a Espanha financia-se hoje acima dos 6% a 10 anos.

3. E caso o défice resvale mesmo muito, Espanha terá que arranjar 77 mil milhões. Nestas condições, o juro médio subirá tanto que nos parece game over.


Qualquer um destes cenários trará dificuldades insuperáveis para 2013, fenómeno semelhante ao que está a acontecer com as contas de Vítor Gaspar, e que já falámos no Contas:

Nos primeiros 4 meses de 2012, Vitor Gaspar conseguiu reduzir 330 milhões de euros na despesa primária (não é nada mau!)
Mas os juros cavalgaram de 800 milhões entre Jan e Abr de 2011 para quase 1,5 mil milhões em 2012, ou seja, a redução da despesa primária foi completamente neutralizada pelo aumentos dos juros. No global a despesa aumentou 500 milhões de euros.

Este é o drama que deita abaixo as esperanças e a vontade de políticos sérios em querer fazer alguma coisa pelas contas de um país.

Como aconteceu a Portugal, Espanha verá os custos com juros subir exponencialmente. Haverá austeridade suficiente que rompa este ciclo?
Os buracos já descobertos e outros ainda escondidos em terras espanholas minam a confiança dos credores. Se o Credit Suisse já percebeu, então o resto da Europa financeira também já sabe.


Ninguém quererá ficar para ver o resultado!

Tiago Mestre

Sem comentários: