13 de setembro de 2012

Economia paralela salva mais gente do desemprego do que o IEFP

A economia paralela, nos moldes fiscais irrealistas que hoje temos, é já o mecanismo de transação a que o povo recorre para se SALVAR.

Preserva postos de trabalho e garante que as coisas andam, sem bancos à mistura nem Estado a confiscar. É transação pura e dura, sem intermediários gulosos.

A economia paralela é a salvação do povo, não porque a economia paralela é boa em si mesma, mas porque é o único escape que temos face ao confisco de 50% que o Estado faz aos contribuintes.

Não concordo com a economia paralela, evito-a a todo o custo, e como empresário que sou, muitas oportunidades teria para fugir aos impostos. Mas só não o faço porque consigo viver com este confisco, preservando a minha coerência ideológica e, .. não passo fome.

Quem passa fome e necessidades já nem sequer equaciona contribuir, e é por isso que nenhum de nós que contribui pode apontar o dedo a quem não contribui.

Outros haverá que fugirão sempre, mesmo com impostos a 5%, mas com esses nem vale a pena contar, porque está no seu ADN.

Mais impostos significa mais economia paralela, e no limite, 100% de impostos equivaleria a 100% de fuga.

A ironia disto tudo é que sendo a fuga aos impostos ilegal, é essa a única forma de retornarmos a uma sociedade mais livre e justa.

50% de confisco é a mesma coisa que nos impingirem o protestantismo quando só sabemos ser católicos.
É pedirem-nos para vestirmos um casaco que não nos serve.

Eis o povo português no seu melhor, a engendrar os seus mecanismos de sobrevivência e a perpetuar a sua condição de cultura milenar. Quem diria.

Tiago Mestre

3 comentários:

Fernando Ferreira disse...

Tiago,

Se 50% de confisco justifica, moralmente, a fuga ao fisco, a partir de que percentagem deixa de ser, moralmente, justificavel?

O ladrao que rouba 100 dolares e' menos ladrao do que rouba 1 milhao?

Depois o Tiago diz que "...nao que a economia paralela seja boa por si mesmo..." Nao concordo consigo neste ponto. A economia chamada paralela E' A VERDADEIRA ECONOMIA DE MERCADO LIVRE, em que 2 partes, vendedor e comprador acordam voluntariamente em trocar bens e servicos, sem a interferencia do ladrao. A economia chamada paralela seria a unica a existir numa sociedade livre.

100% de impostos ou 0,00001% de impostos sao igualmente um roubo. Alguem que se apropria de algo que nao lhe pertence usando a forca ou a ameaca de uso da forca, e' um ladrao!

Cumprimentos!

Tiago Mestre disse...

Fernando, acredito que até 25% do PIB, a nossa cultura aceita ver esse valor confiscado pelo Estado

Entre os 25-30% é o máximo. A partir de 30% começamos a ver uma massa de pessoas a fugir sem pensar 2 vezes. Entre os 40-45% do PIB, como temos hoje, é o salve-se quem puder.

"A economia paralela não é boa em si mesma", mas não é por culpa dela, entenda-se.
Ela só existe porque o Estado abusa no confisco, gere mal e às escondidas.

Preferia que ela não existisse, mas para isso acontecer, o país teria que dar uma volta, o tal corte dos 30 mil milhões que tenho vindo a falar, para que despesa e receita desçam para os 30% do PIB

Anónimo disse...

De facto, não consigo perceber a cegueira e radicalismo de algums pessoas...
Então, sem taxas e impostos, como se financiava o Estado e os bens públicos que são indispensáveis à sociedade?
Quem nos protegeria contra o exterior (forças armadas) ou internamente (forças de segurança/policiais)? Quem financiaria a organização da nossa comunidade enquanto órgãos de soberania (políticos - pois é, sei que são uma corja, mas alguém tem que liderar a comunidade) e a administração da justiça (tribunais)? Quem construiria estradas? Fazíamos cada um de nós um bocadinho de estrada no nosso terreno/quintal passando por onde quiséssmos e para onde quiséssemos, mesmo que o vizinho do lado não as quisesse ligar com as nossas??? etc,etc.
Já admito como possível - mas muitissimo mais dispendioso para quem tiver a desgraça de deles necessitar - cuidados exclusivamente privados na área da saúde (já imaginou quanto custariam os tratamentos só com hospitais privados?) ou na educação (escolas).
isto seria possível, para aqueles que defendem que é a "Lei da selva" ou total liberalismo: cada um só deve contar com aquilo que produz e isso é a selecção natural,(sendo essa a medida que terão ao seu dispor para sobreviver) Devem assim, segundo estes, prevalecer os mais fortes, os mais capazes, e na estrita medida em que forem capazes de produzir. Os outros ficam para trás (coitado de quem nascer deficiente, se calhar devia ser logo liminarmente executado).

Estou certo que o estado creceu demais - e compreendo que se queira redimensionar/reduzir por ser insustentável (face à evolução económica e até demográfica).
Mas não se pode demonizar o Estado, desde logo porque (ao contrário do que fanáticos do economicismo querem fazer passar) os privados nunca sobreviveriam sem ele (seriam desde logo roubados e mortos - "It`s human nature, stupid").
Tenho sérias dúvidas que se consiga regressar aos 30% de que fala o Tiago Mestre face ao nível de conforto e qualidade de vida que a nossa sociedade se habituou (e, não tenhamos ilusões, o retrocesso do estado será para a esmagadora maioria da população uma enorme perda de qualidade de vida, aproveitando essencialmente aos empresários - vou chamar-lhes assim, para não entrar em politiquês, porque uns acham que têm mérito e lhes chamam "empreeendedores/criadores de riqueza", enquanto outros acaham que esmagadoramente são pessoas que unicamente nasceram num berço-de-ouro e condições priveligiadas que se vão perpetuando de geração em geração e lhes chamam "patrões/capitalistas").

AGORA 0%??? Para o Estado 0%???
Sr. Fernando Ferreira, só posso entender isso como extrema ironia sobre as posições liberais defendidas neste blog...
Nesse caso, percebo a sua crítica mordaz a quem legitima fuga aos impostos (percebo que produzir mais de metade para o Estado também é exasperante, mas tem é que se lutar para mudar isso e não legitimar CRIMES! Porque eu também pago os meus impostos (e não é pouco) e se só metade pagar impostos, os que pagam pagarão a dobrar - e por isso é que pagam taxas que chegam aos 50% da riqueza produzida!