3 de setembro de 2012

Meu querido mês de Agosto

Caros leitores e leitoras, o mês de Agosto de 2012 ficará para a história como o mês que os investidores mais antecipavam como sendo uma verdadeira catástrofe, mas, por obra e graça de Mario Draghi, revelou-se exatamente o oposto.

Escrevemos a 26 de Julho que o BCE já tinha encontrado a solução burocrática para que em Agosto os políticos fossem de férias descansados, e com o telemóvel desligado.

Mas nunca, nunca imaginaríamos que Agosto fosse não só  tãosereno, como também altamente lucrativo para quem decidiu arriscar neste mar de falta de liquidez.
O risco era gigantesco, com enormes pressões em Itália, Espanha, EUA, China, etc, etc.

Estar bullish a 31 de Julho só era possível com muitos Red Bulls no estômago, mas enfim, quem arriscou, petiscou.

Como também já tantas vezes referimos aqui no Contas, temos que dar os parabéns a Draghi por conseguir montar a sua estratégia (mesmo que discordemos totalmente dela), torná-la realidade, e com tal aldrabice, ter mantido os mercados levitados durante um mês inteirinho com promessas vãs de que qualquer coisa o BCE iria fazer.

Mas Draghi não foi original. Como já também aqui referimos no Contas, teve um mago feiticeiro que o ajudou: Ben Bernanke.

Expressões como "we will do whatever it takes" já são um must listen do rol de tretas cuspidas do outro lado do Atlântico.

Até Merkel, que não queria ser incomodada em Agosto, afinou pelo mesmo diapasão, e juntamente com Hollande, atirou aos media uma expressão semelhante.

Como lemos ontem algures, passámos a ter investidores que se tornaram Fed Watchers  em vez de Risc takers. A expressão não será exatamente esta, mas sintetiza muito bem o tipo de investidores que começámos a ter com toda esta manipulação monetária a que os bancos centrais nos submeteram.



Fica a pergunta:

E como será Setembro?

Posso-me enganar, mas parece que o cenário está montado para que as esperanças vãs continuem no ar, e com isso os investidores corram atrás da carruagem de Draghi.

É nossa crença que o Tribunal Constitucional alemão dará parecer favorável ao ESM reforçado, não porque  tal instrumento seja constitucional, mas porque as consequências para os próprios juízes de o rejeitarem serão enormes.
E Draghi, com poder para imprimir notas, continuará a prometer dinheiro caso os países assumam a necessidade de resgate.
Se, se, se, se, e mais se, mas suficiente para fazer os investidores apanharem a boleia.

Só um epifenómeno, como a falência de um grande banco, como o Morgan Stanley, por exemplo!!, ou qualquer outro fogo a que o FED ou o BCE não cheguem a tempo, é que poderá anular este transe que se vive. E isso é para nós impossível de prever.

Acreditamos que o sedativo Draghi/Bernanke continue a fazer efeito por mais algum tempo.

Tiago Mestre

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