12 de setembro de 2012

Não há condições para governar...

Começam a surgir agora várias vozes, de vários quadrantes da ilustre sociedade portuguesa, a pedir a demissão do governo por este não ter condições para governar.
Inclusivamente, Medina Carreira, o nosso mais respeitado e VOTADO comentador da praça já veio referir isso mesmo na TVI

Concordamos que não há objetivamente condições para que o governo possua condições para realizar as tarefas ciclópicas que tem pela frante, mas tal conclusão não deveria ter sido tirada agora, mas sim quando o TC deliberou.
Aí sim, o governo deixou objetivamente de ter condições, e não só agora.

Quero dizer aos nossos leitores que é quando nos cortam as condições para trabalhar que devemos bater com a porta, e não quando somos enxovalhados pela comunidade pelo facto de termos apresentado medidas e soluções que tentam contornar essa mesma falta de condições.

Os próprios governantes deveriam ter percebido isto, e não empurrar com a barriga esta questão a ver se o "barro colava".

Cortar despesa na quantidade que é necessária (10+10+10) esbarrará sempre na nossa Constituição. É tão certo como 2 + 2 serem 4.

E agora que o precedente já se criou, qualquer medida de corte será logo questionada por um qualquer grupo parlamentar que remeterá a questão para o TC.

Cortar na Saúde? É inconstitucional porque viola o "tendencialmente gratuito" e o artigo 13º acerca da proporcionalidade nos sacrifícios.

Cortar na Educação? É inconstitucional porque o acesso à escola é um direito do Estado Social

Cortar nas Pensões? É inconstitucional porque põe em causa o Estado Social

Despedir funcionários sem justa causa porque o Estado está falido? Este então nem se fala

Enfim, ESTÁ TUDO ARMADILHADO porque a Constituição garante direitos aos cidadãos próprios de um país e um Estado RICOS, que prosperam ano após ano até ao infinito.

Portugal já não é rico, está FALIDO.

Portugal já não é o país do MFA, das Constituintes, das primeiras eleições, dos défices sucessivos e endividamentos sem regra, da venda de ouro para liquidar despesas, dos dinheiros da CEE a fundo perdido, etc, etc.

Portugal é hoje outra coisa:

É um país com um PIB de 170 mil milhões,
Uma dívida total de 500 mil milhões, e a crescer,
Um ordenado médio de 700€,
Uma recessão que se prolongará por toda a década vigente
Um desemprego de 16% que chegará aos 20%
Metade da população direta ou indiretamente dependente do Estado
Despesas públicas totais que representam 50% do PIB

Por muito que nos queiramos manter agarrados ao Portugal económico de outrora, hoje somos outro país, com novos problemas e novos desafios pela frente.

Quanto mais depressa radiografarmos o que somos hoje, melhor perceberemos o que é preciso fazer e mais bem preparados estaremos para enfrentar as dificuldades.

Tiago Mestre

4 comentários:

Fernando Ferreira disse...

"Portugal já não é rico, está FALIDO."

Portugal nunca foi rico, os portugueses tiveram foi a ilusao queram ricos... Agora apenas desceram a realidade.

Julgavam que ser-se rico e' ter-se muito dinheiro para gastar. Ate lhes foi explicado que gastar e' bom, "estimula" a economia.

Os portugueses nao sabem pensar pela propria cabeca. Por isso nao percebem que so com producao de bens e servicos e' que podem enriquecer. So gastando menos do que produzem, poupando e investindo o restante, e' que podem enriquecer.

Parece que ainda nao perceberam isso...

Filipe Silva disse...

Segundo dados que publicaste há uns tempos do Zerohedge a divida ia nos 669mil milhões de euros, em 2011 ou 369% do PIB, sendo a 3º maior do mundo a seguir à Irlanda e Japão.

O Salário médio hoje liquido segundo o BP, é de 777

O Desemprego oficial é 15,7%, mas o real está já nos 19%.

Na minha opinião toda a população esta directa ou indirectamente dependente do Estado.

Isso é que torna o corte de despesa tão problemático.

O caso do Japão é o que nos espera, a inflação já vai nos 3,5% segundo ouvi hoje na TV, com recessão, nem estagflação é.

Concordo com a tua analise, mas ninguém te vai ouvir, isto é, as pessoas não aceitam isso.

A minha vida ensinou me que o medo da perda é mais traumatico que a perda em si.

Maioria das pessoas tem medo do futuro porque existe muita incerteza, mas devemos aceitar o que vem, se não podemos fazer nada para o impedir (recessão) há que ACEITAR, isto permite uma libertação e uma focagem no presente, onde poderão existir oportunidades.

O Governo devia ter tomado estas medidas, se acha que não é possível fazer outras, logo no primeiro ano, logo após as eleições.
Enganou as pessoas e quando se perde a confiança não há nada mais a fazer do que se demitir.

Mas eu gostava que o PS o PCP e BE fossem todos para o governo, em 6 meses arrebentam com o país, mas penso ser positivo,
Dado que assim podiamos começar de novo, e as pessoas iriam abrir a pestana e perceber que o Socialismo não funciona e assim criarmos uma sociedade mais liberal e mais dinamica

Tiago Mestre disse...

Filipe, pelo andar da carruagem aguardo tb pela queda do governo para ver a esquerda a governar em todo o seu esplendor.

Para grandes males, grandes remédios

Anónimo disse...

O remédio da TROIKA eos modelos económincos-financeiros pseudo-"neoliberais"/centralizados... também não funcionam.
Projecta-se um implosão financeira até 2020 com proporções bíblicas e Dantescas.