13 de setembro de 2012

Schauble diz Nein, Nein, Nein na Alemanha, mas Yes Yes Yes em Bruxelas

Schauble veio desculpar-se para a televisão a propósito das novas armas que o BCE delineou e que o Bundesbank aprovou.

Sr. Schauble, a sua conversa de dizer Nein sempre que alguém vem dizer Yes ou Oui horas antes já não cola.

Talvez seja ingenuidade da nossa parte, mas só agora percebemos que a sua tática é manter os alemães convictos de que o seu governo não permitirá abusos, quando pela calada vão permitindo a execução do SMP, do LTRO, do EFSF, do ESM e de outros mecanismos que entalam cada vez mais o Bundesbank e o contribuinte alemão.

Se V.Exa e a senhora Merkel estivessem tão preocupados com os abusos que já foram cometidos, teriam travados o BCE e a CE.
Mais, se se vissem isolados na vossa posição, proporiam a vossa saída do Euro.
Mas não, à boa maneira política, tentam agradar a deuses e a troianos. Basicamente, mentem com quantos dentes têm.

E não será a sua figura fria, distante, frágil e de cadeira de rodas que me farão pensar duas vezes se realmente está a dizer verdade ou mentira.
Merkel remeteu-se ao silêncio, dando sinais de pactuar com os disparates que estão a ser delineados em Bruxelas e em Frankfurt

Schauble e Merkel são duas faces da mesma moeda, jogando em solo nacional num tabuleiro, e na Europa noutro.
Oxalá que o eleitorado alemão compreenda a farsa que estes senhores montaram.

Sendo os alemães o único povo que verdadeiramente tem o poder e a cultura de dizer Não à impressão de dinheiro, Merkel e Schauble têm conseguido neutralizar as reações intempestivas deste povo, aligeirando o discurso e tendo a baixa inflação como seu forte aliado.

É triste dizer isto, mas as coisas agravaram-se de tal forma e está tudo tão armadilhado que só mesmo a ira do povo alemão (coisa altamente indesejável) é que ainda poderia lutar pela austeridade, porque as forças políticas alemãs, essas já berraram.
Mas com soldados destes para defender esta mensagem de liberdade e verdade, se calhar prefiro que se perca a mensagem e não se usem os mensageiros.
É mau demais para ser verdade e é a derrota completa na frente da austeridade.

Até nisto a Europa é pobre em valores.
Como as culturas dos vários povos são tão diferentes entre si, os políticos, para sobreviverem em solo nacional e em Bruxelas, têm que ser manhosos, mentirosos e aldrabões para que consigam o que desejam. Espaço para gente séria e honesta fica fora de questão neste contexto.

Meu caro Jens Weidmann, a ser verdade esta atitude manhosa do governo alemão, só tens um caminho.
E se não saires, mais cedo ou mais tarde ficarás adepto da impressão. O poder da sugestão é mais forte do que as tuas convicções.
Para te manteres íntegro, demite-te

Tiago Mestre

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