13 de outubro de 2012

FMI dá outro tiro no pé e os keynesianos já esfregam as mãos

Algures na semana passada, o FMI veio dizer que afinal a austeridade influencia mais a queda do PIB do que se julgava.

Aparentemente, o FMI julgava que por cada euro poupado, a economia ressentia-se 0,5 euros.
Agora já dizem que afinal a queda pode ser de 0,9 a 1,5 euros.

Com estas afirmações a correrem mundo, a austeridade volta a perder argumentos.

Foi uma enorme imprudência por parte do FMI e deste governo virem referir no ano passado que com uma austeridadezinha as coisas se iriam compor e o défice rapidamente seria corrigido.

Ao assumirem esta correlação, cometeram um dos erros mais graves da história recente no domínio da economia, porque foi em função desta promessa que muita gente aceitou os tais sacrifícios.

Agora percebemos que fomos todos enganados, e tendo a credibilidade desta gente ido por água abaixo, dificilmente a austeridade volta a ganhar terreno.

Mas na minha opinião, o FMI não se enganou.
Quis antes transparecer uma ideia mais macia da austeridade para que vingasse mais depressa nas populações, vendendo facilidades.

O FMI sabia desta desagradável correlação, e porquê? Porque não era difícil chegar a essa conclusão. Eu próprio me dediquei a esse esforço, e com meia dúzia de contas e sem grande dificuldade compreendi que reduzir despesa ou aumentar receita seria fatalmente devastador para o PIB. Escrevi em Julho e Setembro de 2011, bem como em muitas outras ocasiões em 2011 e já em 2012, acerca desta evidência matemática.

Foi esta segunda parte da notícia que o FMI sempre quis omitir, talvez por ser profundamente desagradável e por toda a gente no mundo implorar por mais crescimento e mais PIB.

Com mais este revés, os keynesianos ganham terreno, e já todos se preparam para mais impressão de dinheiro. Para os leitores que não concordam com impressão de dinheiro, tenho a dizer-vos que estamos sozinhos. É tarde de mais e só nos resta preparar para a avalanche de inflação que aí vem.
Eu preferia que não fosse assim.

Pessoalmente, preferia antes sofrer com a austeridade, corrigir os erros de forma estrutural e lançar as bases de uma nova economia, mas tal desígnio com um Estado atualmente gigante e uma economia tão pequenina será demasiado doloroso. A classe política, cobarde por natureza, e o povo, avesso à dor, não aceitarão.

Mas se é para termos inflação, então que venha ela, e depressa, porque este estado de coisas é insuportável.
E como nos defendemos da inflação? Tornando-nos mais produtores, e se possível, menos consumidores. A agricultura é um bom começo, porque é na alimentação e na energia que a porrada incide em primeiro lugar.

Se algum dia a agricultura vos "chamar", não hesitem em questionar-me. Já lá vão quase 3 anos a semear, a plantar e a colher uma data de coisas, desde feijão a milho e passando pela aveia.
Só produzi milho para dar aos animais, mas devido à seca em Portugal e nos EUA, tanto o milho como os cereais de inverno (trigo, aveia, centeio e outros) escassearam bastante, e com isso os preços subiram, e muito.
Sou da opinião que a inflação não será uma coisa uniforme e generalizada. Terá antes bolsas aqui e acolá, e como dependemos bastante do exterior, a porrada será forte. Este ano será o milho, para o ano será a carne de vaca, depois o açúcar, e assim lá vão subindo os preços paulatinamente, pela calada, sempre bem acima do nosso poder de compra.

Tiago Mestre

3 comentários:

vazelios disse...

Tiago não vale a pena.

Conheço muitos economistas e já me sinto sozinho na luta.

Fernando Ferreira disse...

Eu nao sou pessimista. Tambem acredito que eles vao comecar a imprimir que nem uns doidos, mas isso e' mais um sinal do fim.
O problema do Keynesianismo e' que nao funciona. A cada QE eles precisam de mais e mais dinheiro e o efeito dessa cada vez maior quantidade de dinheiro e' cada vez mais pequeno, ate chegar ao ponto que o balao tem de estoirar.
Ja viram alguma vez a matanca do porco? O modelo economico keynesianista actual e' como a matanca do porco. Quando o porco esta quase a morrer e comeca aos pinotes, parece cheio de vida mas, na realidade, esta nos seus ultimos minutos. O mesmo se passa com este sistema. E' um sistema artificial, nao funciona. Parece funcionar por uns instantes, mas logo depois tudo descamba.
O fim esta para breve, na minha opiniao.

Tiago Mestre disse...

A 7 de Novembro, pelas 09.00, assistirei à matança do meu porco preto que já está gigante e "a pedi-las"

Quando o amarrarmos e o transportarmos para a mesa onde será sujeito ao espeto do cebolão (varão comprido e aguçado) lembrar-me-ei da tua analogia com o keynesianismo.

Obrigado por me ajudares a suavizar um momento que se espera doloroso e com muita chiadeira à mistura.