8 de outubro de 2012

Para os conscientes, é o medo de fracassar que os impele a fazer diferente e melhor.

Temos vindo a constatar que cada vez mais leitores do Contas, da Espuma dos Dias do Vivendi e do Omnia Economicus do Paulo Monteiro Rosa, já se consciencializaram acerca dos enormes desafios que o país tem pela frente, tanto na vertente económica e social como na vertente financeira e pública.

O elevado nível intelectual dos comentários, barómetro da consciência de cada um, vem revelando esta nossa crescente preocupação.

Naquilo que me toca, sempre tentei olhar para as contas públicas na vertente mais matemática e abstrata possível, e só depois opinar e emitir julgamentos. Só por essa via é que cheguei a conclusões inesperadas, surpreendentes, tão distante do jornalismo oficial, e que me impeliram a criar o blog em Dezembro de 2010 para que tais reflexões fossem partilhadas.

Também é verdade que em 2009/2010 atravessava um mau momento na empresa por não estar a conseguir obter os resultados desejados, e todos os cenários, mas mesmo todos, estavam em cima da mesa.
Senti-me obrigado a identificar o que estava a correr mal na empresa para poder agir em conformidade. As coisas acabaram por correr muito bem (lá está - tive que sentir medo do fracasso para fugir dele a sete pés!)

Foi também fruto deste sucesso no trabalho de analisar, identificar e implementar soluções na empresa que acabei por ter a coragem de passar do cenário micro para o cenário macro, ou seja, tentar perceber as contas do Estado, do país, da Europa e tudo o que está à sua volta. Acabei por desembocar na cultura, na história, na sociologia e na psicologia do ser humano. Enfim, nunca mais acaba.

Se se recordam, em 2010 os juros da dívida começaram a subir, tendo atingido em Novembro de 2010 os 7% para a dívida a 10 anos. Tudo isto me começou a preocupar bastante, e os receios de que a minha empresa sofresse com o declínio económico do país subiram, e muito.
Tinha que tentar perceber o que se estava a passar, e mais do que isso, antecipar que tipo de desfechos estariam em cima da mesa.
Quando "descobri" no Outono de 2010 que o PIB cairia imenso por via da redução da despesa pública, e que tal fenómeno seria inevitável em Portugal, foi um choque para mim. Estávamos "condenados", e não havia soluções para os problemas, apenas desfechos para o que já era inevitável.

Foi uma epifania pela negativa e pensei: tenho que me preparar para isto. Foi aí que surgiu o projeto da agricultura, a gestão escrupulosa das contas da empresa e da minha vida pessoal.
A minha família estava de acordo com esta visão e decidimos investir em agricultura, poupando em tudo o resto.

Não serei caso único, e certamente que muitos leitores do Contas também já sentiram esta revelação, este "murro no estômago".

Recentemente, o André Pereira Gonçalves, leitor do Contas, sentiu que deveria fazer qualquer coisa (não quero falar por ele) e pediu ajuda na divulgação das suas sugestões para a redução da despesa do Estado.

Estive a lê-las e considero que as ideias que o André propõe devem ser sujeitas ao escrutínio dos leitores do Contas e da Espuma dos Dias, ou seja, e citando de cor, do Filipe, do Vazelios, do Fernando Ferreira, do Manuel Galvão, DeathandTaxes, Pedro Miguel, João Neto, e todos aqueles que desejam participar e que me escapam agora.

O Vivendi já postou as ideias do André no seu blog, pelo que já podem dar uma vista de olhos, tendo-me sugerido escrever um post para dar mais visibilidade. Daí este post.

Como plataforma de discussão, sugeri que se fizesse um debate entre todos no chat do Gmail, por exemplo, numa data e hora a combinar. O André e o Vivendi concordaram, ficando o André com a responsabilidade de convocar as tropas e agendar o debate.

Do meu lado, "exigirei" ao André que explique os números que apresentou e como lá chegou.
Do vosso lado, façam o tipo de escrutínio em que se sentem mais à vontade, e mais sugestões no corte da despesa serão certamente bem vindos. Eu próprio irei sugerir mais medidas.

Fica lançado o desafio e por agora a bola fica do lado do André.

Tiago Mestre

7 comentários:

vazelios disse...

Convoquem-me para o fórum.

Já sabem que mais numa de aprendiz e por tudo em causa, visto que tenho muito menos experiência e nem tenho conhecimentos suficientes para dizer o que está certo/errado ou o que vai ou não funcionar.

Mas vou sempre puxar por vocês.

Já ontem tinha lido as propostas do André e achei-as bastante interessantes

Ricardo Anjos disse...

Conceptualmente, esta ideia de "Governo Sombra" não é má... na práctica será difícil de implementar.

Das propostas apresentadas como estão formuladas, não concordo com a maioria. Aliás, penso que em primeiro lugar, deveriamos definir quais as funções que o Estado devia desempenhar... e bem!

logo depois se falava nos cortes!

mas no entanto vai uma proposta minha: Privatização total e imediata da CGD. Não é admissível o Estado ser simutâneamente àrbitro e jogador no sector da banca...

João Neto disse...

O esforço pode ser interessante mas, ao contrário das opiniões homogéneas de um partido político, somos mais parecidos com um bando de gatos. Dificilmente se chegará a opiniões consensuais (o que não é necessariamente mau). De qualquer forma, podem contar com a minha participação na discussão.

Talvez um fórum fosse uma boa possibilidade: poder haver diversas linhas de discussão em paralelo. A Google permite criar fóruns destes com facilidade.

Ricardo Anjos disse...

Boa ideia João... Fico à espera que postem o link para esse fórum.

Cada ideia poderia ser discutida à exaustão, com bom senso e pragmatismo. O resultado pode ser interessante.

Anónimo disse...

O debate é aberto? Posso participar?

Mário Meira

Tiago Mestre disse...

Mário, claro que sim, podes e deves participar.

Já informei o André da sugestão do João Neto em se criar um forum específico para este debate.

Aguardaremos agora pela resposta do André, que tanto quanto julgo saber, está a tentar recolher mais pessoal que também lê outros blog's para tornar a discussão tão ampla quanto possível.

Tiago

Luís disse...

Boas
Também estou interessado em participar.

Luís M.